quinta-feira, 30 de abril de 2009

Vejo! (autores)

A sensação era péssima, eu nunca tinha estado num lugar desses, procurei na minha bolsa e não achei, só pra ajudar, não tinha trazidos os óculos, e do que ia me adiantar, agora, estar com eles.
Por acaso, estou cega? Ou será que pretendo, aqui no meio do nada, ler. Era só o que faltava. Diabos, por que é que na pior das situações me vem esses pensamentos:
ler ,colocar óculos, comer chocolate, vai ver é assim com todo mundo. Talvez seja, e daí? O que isso ajuda.
Nossa já é noite, agora sim vou precisar dos malditos óculos.

13 comentários:

  1. bendita hora em que marquei minha cirurgia corretiva de miopia. depender de um objeto de acrílico com dois pedaços redondos de vidro é o mesmo que ter pernas e não andar. e se eu já tivesse feito antes, mesmo estando nesta terra de ninguém, não sentiria tamanha angústia por não poder ler.

    o fato é que sem óculos estou nu e nu, sinto frio.

    se ao menos eu tivesse chocolates...

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  2. quero enxergar e não posso,coloco os óculos e tira-os sem dó...fazer da cegueira um vício para adiar o sofrimento...e acalmar-se ao chocolate numa noite fria.

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  3. acalmar-me com chocolate, mas sem meus óculos e sentindo-me nu com frio, será que num ato falho o que explica tudo isso é, justamente, estar adiando um sofrimento, que sofrimento? e esse lugar existe mesmo,ou sonho.

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  4. A falta da visão é um pretexto. Um pretexto para não enxergar minha nudez diante do sentimento, diante do que está distante do que quero ver.

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  5. olho em cima da mesa e la está o livro do Saramago de novo. Leio mais uma paginas. Aquilo me da uma aflição danada.

    Me lembrei!

    abro a gaveta tiro um galak e croc, dou uma mordida. Aquele nectar dissolve em minha boca. Fecho os olhos. Nao vejo mais. So sinto o prazer inebriante do paladar. Meus neuronios me chamam, mas eu não atendo.

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  6. não ver nada, estar aqui novamente, nessa mesa, abrir e fechar essa gaveta quantas vezes quiser e pernitir-me esse pequeno e simples prazer de um chocolate., não preciso dos óculos, talvez não precise de nada.

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  7. Eu fico com as corujas, que vêem no escuro toda a arquitetura do mundo, e dos espaços vazios. E quanto a isso fazem pouco alarde.
    - pensou ela.

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  8. por que não pensei nisso antes, silêncio e observação.

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  9. acho que aceito minha postura, não mais questionarei meu estado contemplativo, não preciso do óculos.

    O gosto do chocolate talvez seja diferente deste que sinto agora, mas gosto muito da qualidade da minha percepção gustativa sem a necessidade de nenhum melhorador de gosto.

    Que veja a noite, que venha a cegueira do livro, branca como um galak.

    Chega de pretextos. Vejo agora minha nudez. Mesmo no escuro.

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  10. mas sei que foi preciso despir-me para enxergar-me,perder-me para achar-me, nu e no escuro enxergando além.

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  11. Mas agora pensando bem, nem é preciso que seja bela, mas que tenha significado para mim, que preencha meus vazios.

    Ah!, Achei os óculos!

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  12. - fim -

    veja como ficou o texto inteiro no novo post.

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