sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Uma questão de segundos


Perdeu. Foi uma questão de segundos, mas é assim mesmo, quando não é pra ser não há nada à fazer. Hum ! Será?
Era esse seu pensamento, naquele finalzinho da tarde, na plataforma da estação vendo ao longe o trem se afastar, o vento gelado em seu rosto, e uma leve sensação de que tudo

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Das incertezas da razão


Tinha o hábito, gostava mesmo, de pensar na morte, mas isso não a incomodava, não a deprimia pelo contrário aprendera há muito tempo atrás com um velho professor que:
Pensar na morte era pensar a vida, isso também fazia muito, muito tempo, uma época em que os profes... ah!, pensou...deixa pra lá. Gostava mesmo de deitar na rede, aquela brisa gostosa e, ali ficar observando à morte das formigas, de uma planta, um objeto quebrado, a transformação de tudo.
Foi quando ouviu um barulho vindo do corredor lembrou-se que não tinha trancado a porta, seu coração acelerou-se, um tremor percorreu todo seu corpo, os passos aproximavam-se e, pode ouvir nitidamente o “engatilhar” de um revólver.

A adrenalina tamborilou em suas têmporas. Ofegante tentou manter a calma. Manter a mente aberta para todos os ruídos. Apoiou-se lentamente sobre o braço para que o balançar da rede não produzisse um ínfimo ruído, mas não conseguiu. O ranger do gancho da rede surtiu o efeito de fuga. Sentiu a secura na boca, as mãos gelarem.

Devagar se aproximou da porta da cozinha, lentamente afastou a cortina de contas, o barulho das contas umas contra as outras o deixaria atento ou desencadearia algo fatal. Os olhos demoraram a se habituar à escuridão do cômodo. Arriscou:
_Quem está aí? Não obteve nenhuma resposta, mas insistiu:
_Quem, quem está ai?
e, pra sua surpresa ouviu um ruído seco e um grito agudo de dor.

Paralisou. As idéias...que idéias? Suava frio, e os cachorros latindo juntos. Ela ali, estática., mas era preciso fazer alguma coisa e, tomada por um impulso correu em direção ao grito.

Ali estendido no chão escuro do corredor estava seu roupão de seda envolvendo um vaso de porcelana quebrado de onde saiam camélias agonizantes.
As cortinas da sala flutuavam etericamente adentro do ambiente claro, o murmúrio do mar misturava-se com as gaivotas.
Aquela pequena menina tão parecida consigo olhava inconsolável para o vaso. Olhou para a mãe e levou as mãozinhas ao queixo. O ar era tão leve que a única coisa que poderia fazer era estender os braços e demonstrar sua cumplicidade com todos os atos de sua vida com sua filha.

Correndo pela sala ela se atira no colo da mãe e começa a chorar pedindo desculpas. Ela lhe beija os cabelos e diz:
_Tudo bem, tudo bem, porém pensou:
como nos enganamos quando assustados, tinha tão claro que o som era o do engatilhar de um revolver, mas não, só sua garotinha com suas traquinagens.
Diante disso só podia mesmo rir....,mas conteve o riso ao olhar pela janela e ver um vulto que corria pelo jardim.

Então pode não ter sido ela, tentou identificar o vulto, parecia um homem, mas o perdeu de vista. Correu os olhos pela sala, a menina já tinha saído. Nada de anormal a não ser pelos cacos espalhados.
Foi averiguar o restante da casa com o coração descompassado, vasculhou tudo cuidadosamente, cada canto da casa e, nada.. Impossível, ninguém desaparece assim, pensou.

Foi quando começou a desconfiar de sua sanidade. O vaso quebrado, o som do revolver, o roupão enrolado no corpo de sua filha, seria tudo delírio, alucinação? Claro que não, tudo era tão real, mas e se não fosse?
Tentou rememorar todos os fatos. A rede, o barulho, o medo..
Então, lembra-se que não tinha uma filha e que não mora numa casa com jardim.
Não agüentando a angustia do não saber, das incertezas da razão, corre em direção a janela de seu pequeno apartamento no décimo andar a apenas alguns passos de onde estava e pula no vazio em direção ao ar.
Vê então pela primeira vez toda sua vida num piscar de olhos. Nota o mundo passando veloz e grita de felicidade. Estava finalmente livre.
E desmaia neste processo antes de arrebentar-se no chão do pátio.
katia Mota, sueliaduan , cristinasiqueira , cajadomatic

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

apenas uns passos....

Tinha o hábito, gostava mesmo, de pensar na morte, mas isso não a incomodava, não a deprimia, pelo contrário aprendera há muito tempo atrás com um velho professor que:
_Pensar na morte era pensar a vida, isso também fazia muito, muito tempo, uma época em que os profes... ah.pensou...deixa pra lá.
Gostava mesmo de deitar na rede, aquela brisa gostosa e, ali ficar observando a morte das formigas, de uma planta, um objeto quebrado, a transformação de tudo.
Foi quando ouviu um barulho vindo do corredor lembrou-se que não tinha trancado a porta, seu coração acelerou-se, um tremor percorreu todo seu corpo, os passos aproximavam-se e, pode ouvir nitidamente o “engatilhar” de um revolver.