quinta-feira, 29 de abril de 2010

Curto um circuito

De tanto pensar, queimou os transistores do cérebro mas allás, não existem mais transistores e o miolo tem que ser trocado por um dignissimo circuito impresso feito com cabelinhos de ouro. Nada mais empolgante que acompanhar esta evolução e mais ainda fazer parte dela. So não entendo porque cargas d'agua dizem que

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Uma questão de harmonia

Houve tempo — sim, houve —em que me fiz duro e ameacei que não voltaria mais. Voltei. Fui o primeiro a chegar, mas não para ficar. Estava decidido ir-me embora. Não trouxe nada comigo, exceto a rede com que pesquei durante os últimos trinta anos que vivi beira mar. Pela janela do trem ainda avistei os companheiros, o barco e as redes sendo atiradas ao mar. Uma tristeza invadiu meu coração, apertei os lábios firmemente, uma lágrima rolou, mas eu era um homem, e, meu pai dizia que homens não choram. Como ele pôde ter se enganado tanto.

Estendi as mãos, e aceitei tranqüilamente o lenço que as mãos enrugadas de seu Orestes me ofereciam. Era o pescador mais velho da vila. Não ia mais para o mar. Silencioso, falava pouquíssimo e passava horas todos os dias na venda do Amauri olhando para a brisa sua velha conhecida. Sem dizer palavra desceu do trem e se foi. Segui meu caminho com a idéia clara de que adaptar-se a essa nova vida não seria fácil. Escolhi não pensar. Pernas no mundo, olhos no vazio.

O balançar dos trilhos me acalentou com um ritmo macio e suave, que sem perceber fechei os olhos, e infinitas imagens desfocadas das lembranças de felicidade da vida que vivi surgiram. Por fim, perdendo o controle de minha consciência, dobrei-me sobre o resplandecente mundo dos sonhos. Lá estava eu, jovem novamente. Os cabelos ao vento, a pele queimada de sol e a esperança de uma pesca farta em mais um dia que se iniciava. A lua ainda nos observava, e as estrelas brilhavam em um azul que devagar ia se desbotando em cor de neblina, manhã e maresia.

Fumo Ruim, como sempre distraído desembaraçando as linhas enroscadas na caixa de reparos. Trocávamos poucas palavras. No mais dizer era um óia o pulo deste baita à sua frente, ou a última moqueca que Joana de Altério havia preparado na festa de São Sebastião. A felicidade dava gozo ao meu coração. Falar pra que? Nem carecia. Queria chegar em casa com fartura de peixes e beijos. Afagar mansamente a barriga prenha de Helga, minha gringa, amor.

Despertei derrepente num vagão já vazio parado na estação. Desci e me deparei com o espectro da metrópole e suas montanhas de prédios apinhados de gente, suas avenidas como dragões infinitos, e me dei conta que nem Helga, nem filho, e nem nada. Em fuga do que não aconteceu. Como eu era feliz em esperança. Meu Deus!Se não apressar o passo não alcanço o ritmo desta gente. Cato as traias o papel com endereço, um nome para me levar adiante. Estava numa fria. Nunca pensei que isso fosse aquilo. Aquilo que por um momento achei que era bem melhor pra mim. Que baita choque! Senti-me até tonto naquele formigueiro. Ter de começar uma nova vida a partir do zero me afligia um pouco. Dentro, uma intuição me guiava. No fundo sabia haver algo reservado para mim. Eis me aqui, pensei olhando o papel e o número de uma casa grande e amarela. Vamos lá! Aceitar tranquilamente o que estiver reservado pra mim.

Pressionei o botão da campainha e nada aconteceu. Com o coração apertado, as mãos geladas e uma leve sensação de abandono, me preparava pra ir embora. Quando derrepente a porta se abriu, e um senhor de cabelos longos e passos lentos surgiu. Abriu um largo sorriso e me disse: ─ Adamastor! Mas que surpresa! Ora veja só, você, aqui! Você chegou agora? Venha, venha, vamos entrando, a casa é sua! A viagem foi boa? Olhei-o profundamente, e ainda que envolvido por aquele doce sorriso, disse: ─ Olha, meu caro, não gosto de ser um estraga-prazeres, por outro lado, sou um sujeito muito direto: Adamastor e eu somos gêmeos. Não sabia de minha existência? Essa minha pergunta, feita assim à queima roupa, não impediu que ele continuasse a sorrir, e mesmo com um ar surpreso disse:
─Um bom momento para nos conhecermos. Foi então que a oportunidade surgiu. Senti que poderia contar sem constrangimento minha história para aquele sujeito cheio de sorrisos. Eu sou o Otavio, disse estendendo-lhe a mão lentamente por cima do pequeno portão que nos separava. Adamastor soube que estou em situação bem difícil e me mandou procurá-lo. Na verdade perdi tudo que tinha de valor: minha mulher e meu barco. O barco afundou e eu não consegui salvá-la.

O sorriso desapareceu do rosto do homem. Abriu-me o portão olhando para o chão e disse:
─ Então vamos entrar. Lá dentro você me conta tudo tomando uma boa xícara de café. A propósito, meu nome é: ─ Lucas disse eu intenrrompendo-o. Ele sorriu novamente e disse, não não não, meu nome é Julio, Lucas é meu irmão gêmeo. Fiquei sem saber se aquilo era gozação, mas ele continuou:
─ Como vê, meu jovem, temos mais em comum do que você imagina. Também perdi a mulher que amava, mas isso já faz muito tempo, hoje guardo-a aqui, e pos a mão sobre o coração.

O velhinho me pareceu simpático embora mal o conhecesse. Adentramos sua casa avarandada onde se viam samambaias e rododendros de um vermelho impressionante. Passamos pelo saguão colonial e fomos para um jardim onde havia um banco sob uma frondosa primavera branca. Sentamo-nos e ele me ofereceu um mate delicioso. Então ele me olhou nos olhos e disse:─Sabe Otávio, percebi que gostou das minhas plantas, sinto que temos muita coisa incomum mesmo. É raro vir gente na minha casa sou um gostador de silêncio dizia meu pai. E ele estava certo, à tardinha gosto de sentar aqui olhar cada plantinha, as folhas das árvores com suas tonalidades diferentes, sentir o cheiro da terra molhada e, às vezes, quebrar o silêncio tocando minha gaita. Dei um pulo do banco, para surpresa dele que assustado arregalou os olhos, e por pouco não derrubo a xícara com o mate. Todo o meu gostar poderia se resumir em: pescar e tocar gaita.
Ainda perplexo com tamanha coincidência, não pensei duas vezes, tirei do casaco minha gaita, e naquela tarde como em nenhuma outra o som foi infinitamente reconfortante, e naqueles momentos de música, eu e Júlio nada falamos, porque o som nos unia e nos fazia conhecer cada detalhe de nossas histórias trágicas, como uma ópera. Continuei tocando minha gaita, e talvez por estar envolvido demais, não percebi a aproximação de um alguém, que me interrompeu me tirando do devaneio com um leve raspar de garganta:
─ Então, até que enfim você chegou Otávio! Vejo que já conheceu meu irmão Júlio, e não, não se preocupe com maiores explicações, a carta de Adamastor explicando sua situação chegou há dois dias atrás!

Constrangido, mas tranqüilo percebi que estava entre amigos. E certamente, como pressenti desde o princípio, havia algo ali reservado para mim. Lucas se aproximou lentamente fitando-me nos olhos com uma agradável tranqüilidade no rosto. Apertou minha mão em silêncio. Sacou do cachimbo no bolso do paletó, acendeu-o ainda em silêncio, mas com a atitude de quem ia dizer algo importante. Tirou uma primeira baforada, limpou a garganta e começou sua fala:
─ É, no mínimo, espantosa a semelhança de nossas histórias. Nós três carregamos na alma a dor de perdas insuportáveis. Cada um com sua circunstância, mas os três com o seu coração irremediavelmente ferido pela morte de alguém muito, muito querido. Digo irremediavelmente porque embora tenhamos encontrado algum motivo para continuar neste mundo, sempre teremos esta ferida a nos doer de quando em quando. No meu caso, já faz tanto tempo, que creio ter me viciado nesta dor que a ausência de Lucia me traz. Acho que não conseguiria mais ficar sem ela. Faz parte de minha existência.
Em você é uma dor recente. Uma ferida aberta. Mas você me parece capaz de conviver com ela. Assim como Julio e eu o fazemos.

Num rompante de confiança disse: ─ Saí com Helga ainda de madrugada, interrompi Lucas. Na noite anterior não ouvimos rádio nem vimos televisão, nada! Dormimos cedo e bem juntos como sempre. Na madrugada acordamos e saímos ainda escuro. Não sabíamos que teve tornado no mar alto. Ao sairmos com o barco percebi o mar agitado, mas mesmo assim não pensei em possibilidade de desgraça. Quando a primeira grande onda nos atingiu o barco mudou de direção e a segunda grande onda nos pegou de lado e nos emborcou. Foi tudo em questão de poucos segundos. Caí naquela escuridão sem ter nenhuma idéia de onde Helga teria caído. A minha direita, a minha esquerda, na frente, atrás? A consciência da tragédia chegou tão rápida quanto o barco virou. Sabia que era o fim para ela. Desde que perdera nosso bebê, naquele maldito aborto ela nunca mais foi a mesma. Acho que quando caiu, entregou-se aquela morte. Eu mergulhei inúmeras vezes tentando encontra-la, mas nada. Flutuei por horas a fio nas águas daquela baía. Meus cabelos dançavam líquidos e se embaraçavam com os dela, sem vida no fundo daquele mar profundo e azul. E seu corpo descia lentamente para um infinito de onde jamais retornaria, de minhas lágrimas fazia parte todo o oceano.

Mas estava ficando tarde e percebi que estava ainda ali olhando aqueles dois velhinhos me olharem com condescendência. Lucas pos a mão em meu ombro e disse: ─ Está com muita raiva de Deus? Desconcertei-me. Ele adivinhou meu pensamento. Sim-sim! Você adivinhou! Só não sabe o quanto o odeio! Respondi com voz meio rouca, meio fraca, estrangulada pelo quase choro que me veio. Engoli em seco o amargor da boca e pisquei seguidamente os olhos afastando o ardor das lágrimas que abortei.

─ Isto também vai passar me disse. Sem que você perceba, vai perdoá-Lo. Vai perceber que grande parte da humanidade sofre a perda de entes muito queridos. Você não é o único. A morte é necessária de alguma maneira que nós ainda não compreendemos, ou nos recusamos a compreender. Deus não mata. Acho que nos muda de lugar ou de forma, não sei bem. ─ Você vai acabar perdoando a Deus. Eu, um dia, aceitei tranquilamente o que ele me reservou.

Júlio, até então quieto, rompeu seu silêncio para completar tão bela fala. Acredito que perceberá ainda mais: ─ o que ele reservou é sempre o melhor, nós é que não enxergamos. E, naquela tarde ao som da gaita embriagados pela palavra divina, a idéia surgiu assim misteriosamente, feito um pássaro com seu belo canto. Descobrimos-nos músicos, era só uma questão de harmonia.

E Júlio ainda com um sorriso tranqüilo e sereno cantou ─ “Como pode um peixe vivo viver fora... Como poderei viver?” E animado bateu palmas que ecoaram como um brinde a vida.

Renato Ferreira, Youkai, Ermitão, Cristinasiqueira, Cajadomatic, Josy, Emilia, sueliaduan.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Aceitei tranqüilamente


Houve tempo — sim, houve —em que me fiz duro e ameacei que não voltaria mais. Voltei. Fui o primeiro a chegar, mas não para ficar. Estava decidido ir-me embora. Não trouxe nada comigo, exceto a rede com que pesquei durante os últimos trinta anos que vivi beira mar. Pela janela do trem ainda avistei os companheiros, o barco e as redes sendo atiradas ao mar. Uma tristeza invadiu meu coração, apertei os lábios firmemente, uma lágrima rolou, mas eu era um homem, e, meu pai dizia que homens não choram. Como ele pôde ter se enganado tanto. Estendi as mãos, e aceitei tranqüilamente

terça-feira, 13 de abril de 2010

Feito um rei.


Havia 46 macacos naquela árvore, mas somente um foi capaz pular para a arvore mais perto. Não era uma bananeira, mas uma jabuticabeira carregada. Ele olhou pro resto da macacada faminta sem entender porque eles não pulavam também praquele paraíso de jabuticaba.
Foi aí que ele viu

Muitas outras árvores semelhantes a essa. Macaco inteligente, não teve dúvidas: — era mesmo o paraíso. A bananeira uma sombra, apenas. Mas para pular não bastavam somente agilidade e fome. Era preciso sagacidade! Ele, macaco experiente que era, observou que seu instinto sempre falava mais alto, e que sim, tinha realmente escolhido a melhor árvore!

Olhou ao redor e viu que seus companheiros também começavam a saltar aqui e acolá, no entanto seu instinto de autopreservação o fazia olhar o todo em redor, entre as muitas folhas e galhos, os olhos rápidos erravam daqui pra ali a procurar algo que pudesse merecer um sinal de alerta para o resto do bando.

De galho em galho empoleirou-se no último. Feito um rei. O rei das jabuticabas. Dali seu olhar esperto percebia todo o movimento da macacada. Um verdadeiro banquete aquelas neguinhas brilhantes e cheirosas presas nos galhos. Desconfiado da fartura aguçou o faro, mordeu uma fruta, engoliu outra e cuspiu uma terceira. De olho na bananeira não muito longe dali, imaginou-se o rei da banana também, logo após ter terminado com as jabuticabas, certamente.

Foi quando reparou que as onças em baixo haviam ido procurar outro almoço que não macaco ao sugo e pensou: — é uma boa hora para pular a bananeira. Mas quis o destino que os outros macacos tivessem a mesma idéia, e em um tumulto indescritível, migraram para a bananeira em frações de segundos. O macaco muito puto da vida pensou então: — ou eles ou eu. E num impulso lançou-se em direção a bananeira como um raio, disposto a disputar o seu naco de bananas com a macacada em alvoroço. Foi uma gritaria danada. Uns pulavam em direção dos cachos de banana mais baixos e ficavam ali pendurados para grande desespero de nosso herói.

Com dor no coração o macaco resolveu voltar para suas jabuticabas. Preferia ser o rei das jabuticabas do que o plebeu das bananas. Então viu que as onças haviam voltado e a bananeira era baixa, não tinha o monte de galhos que provia proteção como à jabuticabeira. Com um enorme dó ele ficou ali vendo seus colegas serem puxados para as presas das onças. Não havia nada que pudesse fazer a não ser atirar jabuticabas nos olhos das onças. Elas não estavam gostando muito disso e rugiam enfezadas para ele. Derrepente, de cima da montanha surgiu imponente seu velho amigo King, King Kong o maior macaco do pedaço. As onças arregalaram os olhos ao verem tamanho macacão. E ele disse:

—Calma macacada vou dar um jeito nos gatinhos, e foi aquela confusão : — as onças correram,os macacos gritavam ainda mais numa mistura de alívio e alegria.

Derrepente o silêncio tomou conta de tudo. Do fundo da mata surgia o som melódico do azulão e o sol como testemunha. O olhar do nosso herói pousou lentamente sobre a copa das árvores. De onde estava podia avistar um horizonte longínquo, o céu azul com nuvens brancas, as folhas brilhando ao sol e o silêncio relativo de uma breve paz.

Josy, Renato Ferreira, cristinasiqueira, Cajad0matic, sueliaduan.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Estado de fauna

Haviam 46 macacos naquela arvore mas somente um foi capaz pular para a arvore mais perto. Não era uma bananeira mas uma jaboticabeira carregada. Ele olhou pro resto da macacada faminta sem entender porque eles não pulavam tambem praquele paraiso de jaboticabas.
Foi aí que ele viu

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Somos feitos assim


Paf!
Mamãe me deu um sopapo, bem que eu mereci. Claro que fiquei com raiva, um tapão na nuca nunca é bem vindo. Mas a culpa não foi bem minha. Nao quebrei o braço do João, juro, ele se quebrou sozinho, já disse que nao faço essas coisas poxa, porque não acredita em mim? Sei que as pessoas a meu redor sempre se machucam misteriosamente, menos na minha familia, talvez sejam imunes a mim, nao sei por que, afinal nao sou esse tipo de pessoa.

Lembrei-me do episódio poucos anos mais tarde no ônibus que me levava de Vila Mariana a Penha. Lento e monótono o ar viciado por tanta gente respirando ali, o silêncio de tédio me deixavam de saco cheio. Eu vinha sentado na janela com um estranho ao meu lado. Não bastando o calor e o abafamento o sujeito, meio grande, meio gordo, dormia e esparramava-se no banco contribuindo para meu desconforto.

Foi quando num gesto brusco, para melhor me acomodar, esbarrei em seu braço. O sujeito acordou. Olhamo-nos rapidamente, uma fração de segundos e foi o que bastou. Sorrindo me disse:
- Mas não é possível, não pode ser... Estou te reconhecendo! Você não é...? Você era vizinho da tia Alice, na rua Mandu..., não era? Meio aturdido com a pergunta, ainda entediado e sem nenhum entusiasmo, respondi:
- Sim, morava ao lado dela. Mas, não estou conseguindo me lembrar...
- Sou o Laércio, interrompeu-me. Filho da Jandira que morava na mesma vilinha de casas, lá na Mandú, lembra?
- Ah, agora estou me lembrando! Você e eu costumávamos brincar lá na rua, não é?
- Nossa! Faz muito tempo. Não voltei mais lá desde que mudamos.
- Mas, como vai a vida?
- A vida?! Ah! A vida.É meio complicado... Não é no momento do jeito que eu gostaria, mas dá pra ser feliz de vez em quando. Quando meu time ganha, quando entra um dinheiro a mais, disse brincando.
- Mas, olhei para ele com mais atenção, você está muito diferente... esta barba, os cabelos longos... como me reconheceu? Tenho a mesma cara que tinha quando criança?
- É teu olho. Ele olha do mesmo jeito de quando eramos guris descabelados apertando campainhas e correndo pela vila.
- Bom vc não da pra perder com esse cabelo vermelho que deixava as velhotas da rua em desespero, hahaha, fomos mesmo moleques imperdoáveis hein?
- Acho que fomos mesmo, mas a vida se vinga, tenho dois filhos que me deixam de cabelo em pé
- Não brinca, tenho dois moleques tambem, mas são bem tranquilos um pensa que é o papagaio do platão e o outro a vitrola do Juca Kifuri.
- Uau, um filósofo e um esportista...
- Nada, dois tagarelas, mas tranquilos, acho até que nós fomos bem piores, disse Laercio.
- Não sei com respeito a teus filhos. Mas quanto aos meus, com certeza, eu fui bem pior. Sumia para ir nadar no lago azul e só aparecia a noite.
- Lembro bem disso, disse Laercio, uma vez você tomou várias chineladas nas pernas. Tua mãe estava possessa.
- Coitada, respondi, é que de vez em quando morria algum garoto afogado por lá... dona Gloria tremia de medo.

De repente voltei à minha própria infância, ouvindo (sem querer, juro!) o encontro casual desses dois homens feitos, com suas reviravoltas de vida, alguns sonhos de criança concretizados, muitos outros não e ali, na minha frente, como num filme, revivi a promessa feita e o sonho que não se realizou, pelo menos não para mim.

Será que ele se realizará ou será deixado de lado aos poucos substituido por outro sonho? Com o passar dos anos não temos mais sonhos.

Só desejos.

Uma obra escrita por Sergio Cajado, Youkai, Sueli Aduan, Renato Ferreira, Tina & Nalucky

terça-feira, 6 de abril de 2010

Porque eu sou assim?

Paf!
Mamãe me deu um sopapo, bem que eu mereci. Claro que fiquei com raiva, um tapão na nuca nunca é bem vindo. Mas a culpa não foi bem minha.