segunda-feira, 3 de maio de 2010

Isso me faz pensar


36 comentários:

  1. Quem sabe eu ainda/Sou uma garotinha/Esperando o ônibus/Da escola, sozinha/Cansada com minhas/Meias três quartos/Rezando baixo/Pelos cantos/Por ser uma menina má...

    Cantarolando minha musica predileta entrei na sala, mas me calei imediatamente, amedrontada. Os olhos de Dna Geraldina, cravados em mim, diziam:...

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  2. Senta. Foi uma eternidade da porta até a carteira que me esperava fria e monstruosamente educada, cheiro de peroba, madeira escura, mas bela e instruída, a carteira.

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  3. -Olha a postura, me disse calma e seriamente. -Endireite este tronco, ou vai ter problemas com a tua coluna.
    Endireitei-me.
    Ela virou-se de costas para mim, deu uns dois ou três passos em direção a janela e olhando para a quadra de esportes..

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  4. que limpa e convidativa nos aguardava naquela bela manha.
    Dona Geraldina,velha astuta, percebeu o nosso entusiamo, a nossa energia,afoitos que estavámos para o jogo, para o brincar.
    E, com um falso sorriso entre os lábios dissimulava seus verdadeiros sentimentos

    Hoje, excepcionalmente,ficaremos aqui na sala para...

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  5. ensaiarmos uma canção que apresentarmos em razão do aniversário de 50 anos de nosso colégio que será na próxima semana.

    Iremos cantar...

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  6. Carinhoso, de Pixinguinha.Você foi escolhida para fazer a voz principal como no ano passado.
    Só então voltou a olhar no meu rosto.Percebi no dela um certo prazer que já conhecia e que sabia que sentia ao poder me impor sua vontade.Trazia no olhar altivo uma satisfação um tanto sádica que ela disfarçava com fingida indiferença. Eu a conhecia bem e sabia que estava jogando, apenas para seu deleite.

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  7. Decidi, então, participar do seu jogo, e diferentemente do ano anterior não demonstrei minha insatisfação.Ao contrário,fingindo imensa alegria, disse-lhe...

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  8. -adoraria cantar. respondi e abri um largo sorriso.
    uma ruga vergou na testa de Dona geraldina.
    continuei entao com o jogo satisfeita
    -quando começamos o ensaio?

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  9. Pronto, já estávamos todos em posição de coral, bocas fechadas, aguardando um comando, e eu enorme, gigante, como uma águia, pronta para voar por cima da enorme magestade e mestra com a minha voz !

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  10. Não que eu realmente cante bem, se me lembro bem do ano passado, fiz um esforço discomunal para conseguir aquela proeza, fazendo Dona Geraldina engolir a própria arrogância, ao perceber que sua neta teria sido preterida a mim! Agora penso que mais uma vez tenho a oportunidade de provar o meu valor, que ...

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  11. devo me esforçar, dar o máximo, e cantar de um jeito que Dna Geraldina..., mas derrepente me dei conta do absurdo da situação. Provar o quê e para quem? Não, essa não era eu. Esse jogo tinha ido longe demais.

    Foi então, que resolvi tomar as rédeas, como sempre fizera, e ser eu mesma....

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  12. que a turma me esperava para começar o primeiro ensaio. A maoria tinha um sorrisinho maroto nos lábios. Sabiam que algo iria acontecer. Dna. Geraldina tentava disfarçar sua ira, mas dava para sentir sua irritação.
    Com uma repentina rouquidão na voz, disse-me: - Agora que já fez a tua gracinha e livrou-se daquela nojeira, vamos começar.
    -Sim senhora, retruquei, subitamente amável.
    - Lenira, distribua estas folhas para a classe, disse a megera.
    - Atenção, todas! Façam silêncio.
    Na primeira parte a Emilia vai cantar sozinha.E quando eu fizer este sinal - movimentou um braço como uma maestrina - vocês cantam a segunda parte junto com ela. Todas entenderam?
    Ninguem respondeu mas todas balançaram as cabeças afirmativamente.
    Ainda não terminou de distribuir, Lenira? Vamos rápido com isso.
    Todas conhecem a música, não é? Se alguem não souber vai aprender agora.
    Atenção Emília comece ao meu sinal.
    Um, dois, três...
    - Meu coração, não sei porque.
    Bate feliz, quando te vê.
    E os meus olhos.....
    Cantei direitinho a música, aliás, manjadíssima em festas do gênero.
    As meninas entraram na segunda parte, ao sinal da megera, e tudo correu bem, até o final, lógico com uma desafinação aqui, outra ali, por parte do restante da turma. Eu cantei minha parte sem grande brilho, mas afinadinha.
    Ao final, Dna Geraldina disse:
    Temos muito o que melhorar, blá, blá, blá...
    Cantamos a musica inteira mais umas três ou quatro vezes e a "querida mestra" ia fazendo observações aqui e ali, comigo e com outras alunas, etc...
    -Agora vamos cantar a última vez, por hoje. Caprichem.
    -Meu coração, não sei porque...
    Bate feliz, quando te vêeee. Desafinei um tanto exageradamente.
    A classe caiu na risada.
    -Silêncio! gritou a megera.
    Que foi isso, Emília? Mais uma gracinha? Outra dessa e você vai para a Diretoria.
    -Não professora, não sei o que houve. Minha voz falhou..., eu disse com a maior inocência.
    E assim foi em três dias de ensaio: Quando ela menos esperava, minha voz, "falhava" e a classe caia na gargalhada.
    Ela me mandava para a diretoria e...

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  13. a cada ensaio Dna Geraldina irritava-se mais, mesmo porque muito pouco a diretora podia,ou queria fazer. Tanto Dna geraldina, quanto eu, sabíamos que a minha atitude não era das melhores. A gracinha com a voz não era o pior, mas o incidente do dedo no nariz e a minha fala a respeito a pertubaram muito. E, ela não se conteve. Na primeira oportunidade me disse:- Fique a senhor sabendo que para meus resfriados prefiro vitamina C, e sarcástica concluíu: não se trata de ser moderna ou não. Questaõ de escolha, além é, claro, da beleza em enxegar aquelas bolinhas coloridas na água. Efervescência! Silêncio. E a palavra ecoou pela sala. Nesse momento, os olhos de Dna Geraldina encheram-se de lágrimas. Ela enfim percebeu. Então, era isso, uma questão de efervescência e...

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  14. e alegria, ela totalmente confortável nas vestes de um carneirinho anis ! sim aquele azul assim meio roxo fora de sintonia.

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  15. Hoje percebo que minha vítima de "bullying", por assim dizer, foi Dona Geraldina.
    Não sei se o termo se aplica neste caso, quando o aluno ou aluna persegue a professora a quem antipatiza.
    Mas, voltando a nossa história...

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  16. amigos escritores, uma observação:
    Ficamos sem o episódio do dedo no nariz com meleca.
    Não sei como ele sumiu.
    Cajado, será que você o retirou?
    Acho que é muito necessário na história. Vocês não acham?
    Abs.

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  17. Eu concordo com o Renato,
    "importantíssimo" o referido trecho para a história. Aliás, não fosse ele não teria sido possível, "a escolha do questionamento que elaborei,uma forma de provocação LITERÁRIA.

    Ô Cajado posta novamente :o) ou se preferir delete o meu.(na boa) Tudo em nome do "coletivo" e não do indivíduo"! Do conjunto da obra.
    abs

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  18. tchurma! Se necessário for, tenho o texto do Cajado inteirinha aqui comigo. Não deletei nenhuma mensagem de acompanhamento da história.
    Abs.

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  19. Que apesar de tudo de ruim q vivemos por ai, ainda podemos apreciar a beleza da vida... Hora de agradecer e de fazer preces...

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  20. uai pessoal, eu acho que teria que colocar o texto do Cajado, sem ele a história ficou sem coerencia! Só a minha opnião....

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  21. ah! eu também achoo.. eu não sei porque ele apagou mas, acho melhor perguntar se ele quer que coloquemos de volta. :D

    abs.

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  22. Ihhh desculpe, eu achei que tinha estragado o clima da menininha de meia 3/4 branca, mas depois eu vi que ela era punk mesmo :o) Graças a Sueli que providencialmente me mandou o texto, vai aqui pra edição final, desculpem o furo, (posição é comentario 12 substituindo "olhei-a nos olhos e disse") bjos a todos queridos amigos de pena :o)

    ..............................

    para varrer de vez o cinismo daquela criatura crassa que me vilipendiava ha tres anos.

    Enfiei o dedo no nariz e tirei uma meleca balouçante que grudou nos outros dedos. Olhei para ela e seu olhar fusilanime atravessou minha indiferença como se ninguem estivesse ali. Ela ia dizer alguma coisa mas eu me adiantei.
    - Desculpe o mal jeito, mas eu não tava conseguindo respirar...
    - ha maneiras mais educadas de se limpar o nariz, disse ela.
    - A senhora tem razão, mas no momento esta foi a unica maneira que me ocorreu
    - O que vc vai fazer agora com esta maravilha pendurada no seu dedo?
    - tava pensando em comer, ja que saiu de mim mesma, e depois li numa revista que as cacas ajudam a desenvolver mecanismos de defesa contra gripes professora.
    - Isso é muito nojento, va ao banheiro e lave suas mãos
    - Sim senhora, disse eu sem perder a satisfação de ter vencido esta parte de minha guerrinha pessoal.

    Quando voltei para a sala vi... (que a turma...)

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  23. Continua daqui:

    Blogger Renato Ferreira disse...

    Hoje percebo que minha vítima de "bullying", por assim dizer, foi Dona Geraldina.

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  24. Às vezes eu passava horas arquitetando uma forma de irritá-la, podia ser sobre o cabelo com aquele corte rídiculo, ou ainda as roupas que mais lembravam...

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  25. uma amarração de linguiças, muitas ondulações e apertos, nossa, como ela conseguia respirar !

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  26. Coitada!Dna Geraldina viveu uma vida muito complica mesmo.É o que falam pelos corredores da escola. Sempre tendo que dar satisfações de seus atos. Na juventude aos pais, depois casou-se e sofreu mais ainda.
    Respirar acho que ela não respira faz tempo.
    Decidido não vou mais provocá-la, mesmo minha inteções sendo as melhores, ela nem percebe.

    Afinal ela também....

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  27. assim como os brutos, deve amar. E mesmo não a provocando não podia me furtar a expo-la mais uma vez ao ridiculo. Sabia que pagaria porisso, mas valeria cada segundo no purgatório.

    Imaginei então um plano sardonico destinado não a humilha-la mas a faze-la motivo de riso e de chacota por onde quer que fosse.

    Comprei uma dentadura usada que encontrei numa dessas lojas que vendem porcarias usadas e puz num copo com agua em cima da minha carteira. Quando ela viu a dentadura ali franziu a boca como se tivesse chupado um limão. A classe veio abaixo, todos cairam na gargalhada, pareceu que ela queria se certificar que não era a dela que estava no copo. Com a algazarra criada ela percebeu o golpe e saiu furiosa da sala de aula.

    Fiquei imaginando qto tempo demoraria pro vigilante me chamar pra ir a diretoria me explicar e receber o aviso de suspensão.

    Mas não foi exatamente isso que aconteceu. Para minha surpresa ela mesma veio e me perguntou onde havia comprado aquela coisa eca ali no copo e porque ela estava ali em cima da carteira.

    Então eu lhe disse:

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  28. Nunca mais se meta comigo sua velhota encardida, coróca, lambisgóia, podre, feia, jeca, brega e..e..! E foi neste momento que a terra se abriu e apareceu um diabão vermelho que me falou:

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  29. - ô fia, ce ta cendo muitcho ruim com a coitada da veia, ucê vai tê que decê cumigo pra tomá banho de enchofri e servi de cinzero pros diabo la debaxo.

    Olhei aquele sujeito horroroso com mal halito e pelos na orelha e senti um arrepio na nuca. Não iria com ele nem no MacDonalds quanto mais em algum lugar "la embaixo" pois foi quando...

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  30. a mão bondosa de dona geraldina pousou docemente sobre meu ombro.

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  31. Mas não sem guaguejar, tamanha foi minha surprêsa, ao vê-la de volta à sala toda delicada e interessada na minha eplicação.
    Dodoonanaa Gege-ra-ral di.. a classe caiu na gargalhada, virei motivo de riso por muitos e muitos dias. Que vergonha!O feitiço virou contra o feiticeiro.

    Só me restava mesmo...

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  32. terminar o que havia começado, e sem piedade dei uma dentada naquela mão berrugenta e lhe arranquei um dedo. A praga urrava de dor enquanto eu cuspia pela janela aquele dedo ossudo cheio de anéis.

    O sangue espirrava nas minhas coleguinhas que boquiabertas não ousavam um pio. O diabo tentando me puxar para baixo, dona geraldina querendo ir procurar o maldito dedo, o vigilante querendo me levar pra diretoria, uma fome danada, era muita coisa pra aturar então gritei bem alto:

    - Eu te mato velha mijona, vou arrancar sua pele e fazer tamborim!

    Aí chamaram o padre pra me exorcizar mas ja era tarde, o padre veio e falou:

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  33. -Fudeu...
    e depois correu tao rapido que quando parou 10 minutos depois caiu morto de exaustao a duas cidades de distancia.
    enfin, sem cura pro mau, os moleques da classe começaram a sofrer queimaduras na pele por causa da aura maligna que exalava de mim...

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  34. era um padre rapido mesmo, tanto em suas declarações quanto na corrida.

    Chifres enormes surgiram em minha cabecinha e fui ficando vermelha, depois roxa e uma cauda espinhenta começou a se desenvolver no fim da minha coluna. Minha boca aumentou que nem a gavata de meias do meu pai e presas pontiagudas brotavam de minhas gengivas. Nem pestanejei e dei uma dentada na cabeça de dona geraldina e a engoli.

    Os coleguinhas ali espalhados pelo chão soltavam fumaça e alguns ainda convulsionavam.

    Derrepente uma mão me chacoalhou e disse:

    - menina, o que foi que vc tomou?!?

    olhei em torno e vi que estava no quarto do meu irmão cabeludão. Não havia chifres nem coleguinhas espalhados so eu babando num canto e meu irmão com um saquinho de papel nas mãos.

    - Vc comeu meus cogumelos mágicos sua moleca!!!

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  35. meio estupidizada pelo gosto de cabo-de-guarda-chuva daqueles pequenos fungos comecei a cantarolar:

    Quem sabe eu ainda/Sou uma garotinha/Esperando o ônibus/Da escola, sozinha/Cansada com minhas/Meias três quartos/Rezando baixo/Pelos cantos/Por ser uma menina má...

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