sábado, 13 de fevereiro de 2010

Cadenciado passo

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Desço a rua tranqüilo. Olho o relógio. Seis horas. À rua deserta escuto o farfalhar de meus passos sobre o chão, cadenciado passo, dança e música misturadas ao silêncio existente. Na mente nenhum pensamento ordenado ocorre. Trajeto feito todos os dias, hábito enraizado, é só seguir em frente.
Em alguns dias a atenção volta-se para o andar, em outros para a respiração, há ainda aqueles dias em que se fixa nos cheiros, nos aromas das casas, nos lixos tombados, no latido do cão, e finalmente no gato fugindo sorrateiramente.
Feito a pássaro livre em seu vôo matinal, ela muda rapidamente. O que determina essa atenção? Nenhuma escolha prévia. Nada.
Somente o olhar e o sentir. Distância encantatória entre as coisas e o homem.

6 comentários:

  1. Foi numa dessas manhãs que sem motivo algum revivi a...

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  2. Dora Encantadora.

    Era o nome de minha mãe. Ela passeava por este parque em dias de chuva e frio, sozinha colhia flores e o lugar parecia gostar da presença dela. Alguns achavam ela louca, outros deixavam-se encantar pela poesia, mais naquele Outono fatídico em 1895...

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  3. me deixei encantar por tudo que já estava perdido. Encurtar a distancia entre o devaneio e a realidade.

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  4. Envolvida por esse encantamento nem percebi que,em voz alta,
    declamava um poema escrito por minha mãe poucos dias antes de sua morte. Morte estranha a sua. Seu corpo disforme foi encontrado coberto de musgos, liquéns e folhas das macaúbas. Pai não quis nem saber o acontecido e eu,uma menina, aceitei o silêncio que pairou sobre tudo. Mas não sou mais uma garotinha que só faz obedecer, decidi que...

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  5. não era mais o momento de observar passivamente e desfalecendo cai sobre a relva verde que recobria aquela alameda. Neste instante ascendi aos céus e pude compreender o sentido de tudo aquilo.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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