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Figura delicada, boca perfeita e usando um elegante chapéu, Camille a esperou de braços abertos. A lua iluminava-lhe o semblante e ela sorria. Um sorriso de boneca ou da boca que se alarga e toma conta do rosto inteiro. Beatriz nunca descobriu, e a bem da verdade, chegou a pensar que não era nenhum nem outro. Era só e unicamente o brilho que Camille possuía e que tanto lhe incomodava. Tornaram-se inimigas no mesmo instante em que seus olhos se cruzaram. Foi a beleza desse olhar que levou Beatriz à destruir sua própria vida, por ciúmes.
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Já havia 15 anos desde o acontecido, foi na época do colégio. Ninguém entendeu o fato e nada ficou esclarecido nem mesmo a polícia local, tão eficiente, conseguiu desvendar tamanho mistério.Apenas algumas suposições, hipotéses.
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Foi quando encontraram um retrato, antigo, desbotado com a força que o tempo exerceu sobre ele. Era o retrato de dua meninas abraçadas. No chão havia uma boneca sem cabeça e podia se ver tambem a sombra do fotografo. Atras da foto estava escrito:
Tempus Fugit.
Tal menção não é algo que se lê todos os dias. Intrigado o Detetive Parkinson procurou saber sobre o significado para ver se achava algo mais sólido do que apenas o significado das palavras em sí. Foi quando a porta se abriu e um padre apareceu trazendo amarrado a uma cordinha uma ovelha.
Ele olhou para o relogio e disse:
- O tempo passa.
Parkinson começou a tremer. O padre lhe perguntou:
- Posso ajudar detetive? Franzindo a testa, com os olhos cheios de raiva e tremendo ainda mais, Parkinson respondeu:
- Não dessa vez, padre. A intimidade dos dois não passou despercebida aos outros políciais presentes. Quanto a ovelha, que já se acostumara ao som das palavras, à benção do seu vigário, assustada correu, mas não antes de derrubar o retrato deixando a mostra uma caixa de porcelana, que segundo Beatriz guardava o segredo do encanto de Camille. O encanto que lhe roubara a felicidade. Mas nessa epoca, 15 anos atras, nada disso era conhecido e por um capricho do destino, talvez nunca venha a ser.
Derrepente o detetive Parkinson tremendo agora compulsivamente, perdeu as forças nas pernas e caiu sentado no chão. O padre prontamente se ajoelhou para ajuda-lo. Sussurrou em seu ouvido umas poucas palavras que ambos conheciam. Parkinson agarrou-se ao terço que o padre trazia junto as mãos e naquele momento tudo veio-lhe à mente; o retrato, a caixinha de porcelena, Camille e Beatriz com sua doce voz cantando uma velha ladainha que dizia coisas de um mundo passado. Lembrou-se de sua infancia abstrata sem amor, sem amigos. Começou a chorar
Neste instante o padre atonito por tal cena arranca-lhe o terço das mãos e lhe dá uma tremenda bofetada. A ovelha começa a balir. Os olhos de Parkinson rodam em suas orbitas enquanto as lembranças revoam inusitadas em sua mente. Quinze anos desembrulham-se então e esparraman-se pela sala. Tudo foi se juntando durante os anos para explodir naquele momento. Ainda agarrado a batina do padre, o detetive confessa:
- Sim padre, fui eu, fui eu, eu que as matei, eu insuflei todo o ciumes, eu fui o causador da tragedia! Ha anos carrego esta culpa, nada pude fazer, mas no fundo sou culpado.
- Não diga asneiras Parkinson, vc era apenas uma criança na epoca. Componha-se, sei que você as amava mas essa triste fatalidade nada tem a ver com vc. Vc nem existia para elas, não pode se sentir culpado por arrancar a cabeça de uma boneca. Bom, eu te absolvo.
Parkinson abaixou-se lentamente e pegou a foto do chão. Olhou o verso do retrato e finalmente entendeu. Incrivelmente o padre estava certo. O tempo havia passado.
Tempus Fugit.
written by Sueli Aduan, Tina, Katia Mota, Sergio Cajado, Leo Metallica, Youkai
Delícia!!!Uma prosa/poética com requinte de sutileza/delicadeza, e de quebra um questionamento, é o que senti e adorei.
ResponderExcluirparafraseando (+ ou -):) o editor: "tapinhas nas costas", amigos!!!
hum... gostei disso....
ResponderExcluirtrilha sonora sugerida... ^^
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=ma9I9VBKPiw
XD
Enfim, o Blog agora tem uma história.
ResponderExcluirKKKKKKKKKKKKK