domingo, 30 de maio de 2010

O dia em que a Terra mudou


O planeta Terra tem 4.57 bilhões de anos, o protótipo do homem 3 milhões e meio de anos e o homen "quase" sapiens 150 mil anos. Nossa civilização tem 50.000 anos, escrevemos ha 10.000 e rezamos pro Padim Pade Ciço e cia há 2000 anos. O computador ja fez 40 anos, internet 30 anos e até então nada no universo da comunicação global havia dado um salto.

Dai vieram consecutivamente, bbs, icq, msn, skype, google, orkut, facebook e sabe la zeus o que mais. Tudo no pacote dos ultimos 20 anos até o dia de hoje. O facebook alcançou a cifra de 35 bilhões de postagens. Estamos começando a desenvolver uma consciência global.

Esse é o momento, a era de Aquarius ja começou e 2012 esta chegando... não sei se vai rolar algum vulcão nervoso, maremoto irado, meteoros gigantes, virus malintencionados, visitas extraterrenas, Dilma ou qualquer outra praga celestial mas que o mundo está mudando é uma verdade que não podemos negar.

Claro que ha entre o sul e a venezuela mais do que sonha a porcaria da política. A milenar e eterna corrupção, a hipocrisia dos bajuladores, a ganancia da industria, a indiferença dos senadores o torpor do populacho hipnotizado pelo BigBrother, o manipular das massas ignorantes, os predios que não param de se multiplicar, os parques que viram estacionamento, os cães que diminuem pra caber nos apartamentos, as arvores que somem pra não soltar folhas na calçada, as florestas devastadas para os assentamentos, as vendas de armas, os olhos que não se abrem nunca, os impostos que se multiplicam,

Ilustração Sergio Cajado

segunda-feira, 17 de maio de 2010

José


José saiu de casa de manhã.
José andou duas quadras.
Esperou o onibus na esquina.

José desceu do onibus.
José andou quatro quadras.
José entrou no prédio de vidro.
José entrou no elevador.
José entrou em sua sala.
Sentou.
José ligou o computador.

José abre o jornal sobre a mesa e espalha papeizinhos pelo chão do escritório.
A janela se abre e mais formularios e notas voam pela sala.


José lê o jornal. Não lê os papeis voando.
José foca a noticia.
José trabalha uma opinião.
José tecla um texto, depois pausa, vai tomar um café.
Antonio comprimenta José na cozinha.
- Bom dia.
José responde com um sorriso meio torto.
- Oi.
José pega um maço de guandanapos.
José fica com um.
José usa o guardanapo, o resto, deixa voar com a brisa.
Nao lê os papeis voando.
José é calvo, sorri pouco.
José tambem chamava-se seu pai
José fica olhando para o guardanapo em branco, perdido em reflexões. Alguns papeis voam pela janela e continuam seu voo solitario por entre os predios da cidade barulhenta. Mas eles não ouvem o barulho.
Nem José.

E José foi então até a janela e notou que alguns dos seus papeis voavam pela janela afora. E ficou ali parado olhando por um tempão contemplando. Sem nenhum outro movimento, nem mesmo os pés. A beleza dos papéis ao vento. Ele se deixou levar e nem se deu conta da importância desses guardanapos, papéis, árvores, tantas árvores, poucos papéis.
José fez o seu papel, pena que voaram.
José jurou ao pé da árvore.
José não plantou aquela árvore.
José chorou.


O planeta do José, o gosto amargo da tarde na cidade, o céu laranja.
José e o cinza.
José é normal, passageiro da via, vazia, da vida sem asas, de papéis brancos sem linhas.
José mergulha, tudo azul marinho.

José se lembra dos dias de juventude.
José se lembra daqueles sonhos.
Os sonhos guardados no armário da alma de José. E um dos sonhos de José era viajar numa motocicleta. Tal qual os papéis, José voa pelas ruas.
Afrouxa a gravata. Correndo em direção a uma revenda de motos. Após algumas quadras, ele para e a vê. Estava alí, parada, um de seus sonhos de juventude. Sonhos que voaram.

José voltou quatro quadras.
José entrou no prédio
José entrou no elevador.
José entrou em sua sala.
Sentou.
José ligou o computador.
José sorriu de leve para um número.
José parou.
José, você não pode.
José girou na cadeira, como numa roleta.
José foi parando. E parou.


Olhe José, você não deve seguir pela vida, pela via, pela rua vazia. São almas José, são gente, são tão diferentes.

José abaixa a cabeça, leva as mãos ao rosto. Pobre josé, chora copiosamente até sua camisa ficar molhada mas a tristeza não passa.
José abre a janela e olha pra o horizonte de prédios. Muitas pessoas, muitos sonhos, muitos papéis para representar, muitos papéis que voam.
José fecha os olhos e salta pela janela. Seu corpo vai voando e vão voando os papéis que representou, voando para céu e levados pelo vento.

Sueli, Youkai, Emilia, Alexandre, e Sergio
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sexta-feira, 14 de maio de 2010

José

José saiu de casa de manhã.
José andou duas quadras.
Esperou o onibus na esquina.

José desceu do onibus.
José andou quatro quadras.
José entrou no prédio de vidro.
José entrou no elevador.
José entrou em sua sala.
Sentou.
José ligou o computador.
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quarta-feira, 12 de maio de 2010

Pequenos atos


Todos os raciocínios do homem não valem
um único sentimento da mulher
Voltaire

- Quem sabe eu ainda/ Sou uma garotinha/ Esperando o ônibus/ Da escola, sozinha/ Cansada com minhas/ Meias três quartos/ Rezando baixo/ Pelos cantos/ Por ser uma menina má... Cantarolando minha musica predileta entrei na sala, mas me calei imediatamente, amedrontada. Os olhos de Dna Geraldina, cravados em mim, diziam: Senta.
Foi uma eternidade da porta até a carteira que me esperava fria e monstruosamente educada, cheiro de peroba, madeira escura, mas bela e instruída, essa carteira.

- Olha a postura, me disse calma e seriamente. Endireite este tronco, ou vai ter problemas com a tua coluna. Endireitei-me. Ela virou-se de costas para mim, deu uns dois ou três passos em direção a janela e olhando para a quadra de esportes que limpa e convidativa nos aguardava naquela bela manha. Dona Geraldina, velha astuta, percebeu o nosso entusiamo, a nossa energia,afoitos que estavámos para o jogo, para o brincar. E, com um falso sorriso entre os lábios dissimulava seus verdadeiros planos.

- Hoje, excepcionalmente, ficaremos aqui na sala para ensaiarmos uma canção que apresentarmos em razão do aniversário de 50 anos de nosso colégio que será na próxima semana. Iremos cantar Carinhoso, de Pixinguinha.Você foi escolhida para fazer a voz principal como no ano passado. Só então voltou a olhar no meu rosto. Percebi no dela um certo prazer que já conhecia e que sabia que sentia ao poder me impor sua vontade.Trazia no olhar altivo uma satisfação um tanto sádica que ela disfarçava com fingida indiferença. Eu a conhecia bem e sabia que estava jogando, apenas para seu deleite. Decidi, então, participar do seu jogo, e diferentemente do ano anterior não demonstrei minha insatisfação. Ao contrário,fingindo imensa alegria, disse-lhe;

- Adoraria cantar. respondi e abri um largo sorriso. Uma ruga vergou na testa de Dona geraldina. Continuei entao com o jogo satisfeita.
- Quando começamos o ensaio?

A turma me esperava para começar o primeiro ensaio. A maoria tinha um sorrisinho maroto nos lábios. Sabiam que algo iria acontecer. Dna. Geraldina tentava disfarçar sua ira, mas dava para sentir sua irritação. Pronto, já estávamos todos em posição de coral, bocas fechadas, aguardando um comando, e eu enorme, gigante, como uma águia, pronta para voar por cima da enorme majestade e mestra com a minha voz !

Não que eu realmente cante bem, se me lembro bem do ano passado, fiz um esforço discomunal para conseguir aquela proeza, fazendo Dona Geraldina engolir a própria arrogância, ao perceber que sua neta teria sido preterida a mim! Agora penso que mais uma vez tenho a oportunidade de provar o meu valor, que devo me esforçar, dar o máximo, e cantar de um jeito que Dna Geraldina..., mas derrepente me dei conta do absurdo da situação. Provar o quê e para quem? Não, essa não era eu. Esse jogo tinha ido longe demais. Hoje percebo fui vítima de bullying, por assim dizer, a bully, a valentona era Dona Geraldina. Às vezes eu passava horas arquitetando uma forma de irritá-la, podia ser sobre o cabelo com aquele corte rídiculo, ou ainda as roupas que mais lembravam uma amarração de linguiças, muitas ondulações e apertos, nossa, como ela conseguia respirar! Coitada! Dna Geraldina viveu uma vida muito complica mesmo. É o que falam pelos corredores da escola. Sempre tendo que dar satisfações de seus atos. Na juventude aos pais, depois casou-se e sofreu mais ainda. Respirar acho que ela não respira faz tempo.


Foi então, que resolvi tomar as rédeas, como sempre fizera, e ser eu mesma para varrer de vez o cinismo daquela criatura crassa que me vilipendiava ha tres anos. Enfiei o dedo no nariz e tirei uma meleca balouçante que grudou nos outros dedos. Olhei para ela e seu olhar fusilanime atravessou minha indiferença como se ninguem estivesse ali. Ela ia dizer alguma coisa mas eu me adiantei.
- Desculpe o mal jeito, mas eu não tava conseguindo respirar...
- ha maneiras mais educadas de se limpar o nariz, disse ela.
- A senhora tem razão, mas no momento esta foi a unica maneira que me ocorreu
- O que vc vai fazer agora com esta maravilha pendurada no seu dedo?
- tava pensando em comer, ja que saiu de mim mesma, e depois li numa revista que as cacas ajudam a desenvolver mecanismos de defesa contra gripes professora.
- Isso é muito nojento, va ao banheiro e lave suas mãos
- Sim senhora, disse eu sem perder a satisfação de ter vencido esta parte de minha guerrinha pessoal. Com uma repentina rouquidão na voz, disse-me:
- Agora que já fez a tua gracinha e livrou-se daquela nojeira, vamos começar.
- Sim senhora, retruquei, subitamente amável.
- Lenira, distribua estas folhas para a classe, disse a megera.
- Atenção, todas! Façam silêncio. Na primeira parte a Emilia vai cantar sozinha.E quando eu fizer este sinal - movimentou um braço como uma maestrina - vocês cantam a segunda parte junto com ela. Todas entenderam? Ninguem respondeu mas todas balançaram as cabeças afirmativamente. Ainda não terminou de distribuir, Lenira? Vamos rápido com isso. Todas conhecem a música, não é? Se alguem não souber vai aprender agora. Atenção Emília comece ao meu sinal.

- Um, dois, três...
- Meu coração, não sei porque. Bate feliz, quando te vê. E os meus olhos..... Cantei direitinho a música, aliás, manjadíssima em festas do gênero. As meninas entraram na segunda parte, ao sinal da megera, e tudo correu bem, até o final, lógico com uma desafinação aqui, outra ali, por parte do restante da turma. Eu cantei minha parte sem grande brilho, mas afinadinha. Ao final, Dna Geraldina disse:

- Temos muito o que melhorar e blá, blá, blá mais dez minutos. Cantamos a musica inteira mais umas três ou quatro vezes e a "querida mestra" ia fazendo observações aqui e ali, comigo e com outras alunas, etc...
- Agora vamos cantar a última vez, por hoje. Caprichem.
- Meu coração, não sei porque... Bate feliz, quando te vêeee. Desafinei um tanto exageradamente.
A classe caiu na risada.
- Silêncio! gritou a megera. Que foi isso, Emília? Mais uma gracinha? Outra dessa e você vai para a Diretoria.
- Não professora, não sei o que houve. Minha voz falhou..., eu disse com a maior inocência. E assim foi em três dias de ensaio: Quando ela menos esperava, minha voz, "falhava" e a classe caia na gargalhada.

Ela me mandava para a diretoria e a cada ensaio Dna Geraldina irritava-se mais, mesmo porque muito pouco a diretora podia,ou queria fazer. Tanto Dna geraldina, quanto eu, sabíamos que a minha atitude não era das melhores. A gracinha com a voz não era o pior, mas o incidente do dedo no nariz e a minha fala a respeito a pertubaram muito. E, ela não se conteve. Na primeira oportunidade me disse:- Fique a senhor sabendo que para meus resfriados prefiro vitamina C, e sarcástica concluíu: não se trata de ser moderna ou não. Questaõ de escolha, além é, claro, da beleza em enxegar aquelas bolinhas coloridas na água. Efervescência! Silêncio. E a palavra ecoou pela sala. Nesse momento, os olhos de Dna Geraldina encheram-se de lágrimas. Ela enfim percebeu. Então, era isso, uma questão de efervescência e e alegria, ela totalmente confortável nas vestes de um carneirinho anis ! sim aquele azul assim meio roxo fora de sintonia.

Um dia decidi que não iria mais provocá-la mas pensei que mesmo minha intenções sendo as melhores, ela nem perceberia. Seria ela tão frívola? Afinal ela também, assim como os brutos, deve amar. E mesmo não a provocando, não podia me furtar ao prazer intenso, nem resistir a tentação de expo-la mais uma vez ao ridiculo. Sabia que pagaria porisso, mas valeria cada segundo no purgatório.

Imaginei então um plano sardonico destinado não a humilha-la mas a faze-la motivo de riso e de chacota por onde quer que fosse.

Comprei uma dentadura usada que encontrei numa dessas lojas que vendem porcarias usadas e puz num copo com agua em cima da minha carteira. Quando ela viu a dentadura ali franziu a boca como se tivesse chupado um limão. A classe veio abaixo, todos cairam na gargalhada, pareceu que ela queria se certificar que não era a dela que estava no copo. Com a algazarra criada ela percebeu o golpe e saiu furiosa da sala de aula.

Fiquei imaginando qto tempo demoraria pro vigilante me chamar pra ir a diretoria me explicar e receber o aviso de suspensão. Mas não foi exatamente isso que aconteceu. Para minha surpresa ela mesma veio e me perguntou onde havia comprado aquela coisa eca ali no copo e porque ela estava ali em cima da carteira. Então eu lhe disse:
- Nunca mais se meta comigo sua velhota encardida, coróca, lambisgóia, podre, feia, jeca, brega e..e..! E foi neste momento que a terra se abriu e apareceu um diabão vermelho que me falou:

- Ô fia, ce ta cendo muitcho ruim com a coitada da veia, ucê vai tê que decê cumigo pra tomá banho de enchofri e servi de cinzero pros diabo la debaxo.

Olhei aquele sujeito horroroso com mal halito e pelos na orelha e senti um arrepio na nuca. Não iria com ele nem no MacDonalds quanto mais em algum lugar "la embaixo" pois foi quando a mão bondosa de dona Geraldina pousou docemente sobre meu ombro. Não sem guaguejar, tamanha foi minha surprêsa, ao vê-la de volta à sala toda delicada e interessada na minha eplicação balbulciei:

- Do-dona Gege-raldi.. e a classe caiu na gargalhada, virei eu motivo de riso. Que vergonha! Não devia ter ficado com raiva eu sei, mas só me restava mesmo terminar o que havia começado, e sem piedade dei uma dentada naquela mão berrugenta e lhe arranquei um dedo. A praga urrava de dor enquanto eu cuspia pela janela aquele dedo ossudo cheio de anéis.

O sangue espirrava nas minhas coleguinhas que boquiabertas não ousavam um pio. O diabo tentando me puxar para baixo, dona geraldina querendo ir procurar o maldito dedo, o vigilante querendo me levar pra diretoria, uma fome danada, era muita coisa pra aturar então gritei bem alto:

- Eu te mato velha mijona, vou arrancar sua pele e fazer tamborim! Arrancar suas tripas e fazer estilingue pra te dar pedrada nessa sua cabeçona careca Foi aí chamaram o padre pra me exorcizar mas ja era tarde, o padre veio e falou:

- Fudeu... e saiu correndo tão rapido que quando parou 10 minutos depois caiu morto de exaustão, a duas cidades de distancia. Era um padre rapido mesmo, tanto em suas declarações quanto na corrida. Enfim, sem cura para o mau, os moleques da classe começaram a cair pelo chão sofrendro de queimaduras na pele por causa de minha aura maligna que exalava gases venenosos, e foi aí que chifres enormes surgiram em minha cabecinha e fui ficando vermelha, depois roxa e uma cauda espinhenta começou a se desenvolver no fim da minha coluna. Minha boca aumentou que nem a gaveta de meias do meu pai e presas pontiagudas brotavam de minhas gengivas. Nem pestanejei e dei uma dentada na cabeça de dona geraldina e a engoli.

Os coleguinhas ali espalhados pelo chão soltavam fumaça e alguns ainda convulsionavam. Derrepente uma mão me chacoalhou e disse:

- Menina, você está bem? o que foi que vc tomou?!? Olhei em torno e vi que estava no quarto do meu irmão cabeludão qque ouve musica barulhenta. Não havia chifres nem coleguinhas espalhados pelo chão, so eu babando num canto e meu irmão com um saquinho de papel nas mãos.

- Vc comeu meus cogumelos mágicos sua moleca!!!

Meio estupidizada pelo gosto de cabo-de-guarda-chuva daqueles pequenos fungos comecei a cantarolar:

- Quem sabe eu ainda/ Sou uma garotinha/ Esperando o ônibus/ Da escola, sozinha/ Cansada com minhas/ Meias três quartos/ Rezando baixo/ Pelos cantos/ Por ser uma menina má...

Renato Ferreira, Rose Dayanne, Josy, Tina, Emilia, Sueli Aduan, Youkai e Cajadomatic
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domingo, 2 de maio de 2010

Curto um curto-circuito


9.321
De tanto pensar, queimou os transistores do cérebro, mas allás, não existem mais transistores e o miolo tem que ser trocado por um dignissimo circuito impresso feito com cabelinhos de ouro. Nada mais empolgante que acompanhar esta evolução e mais ainda fazer parte dela. Só não entendo porque cargas d'agua dizem que este NOVO que presenciamos nada mais é do que o velho reinventado. Mas como será isso? Provalmente os maias, incas já haviam participado deste circuito, ou ainda um curto circuito e sumiram. Mas nos deixaram muitos ensinamentos, como toda grande civilização que muitos acreditam enquanto outros não.
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9.322
Dona Quitéria, minha vizinha, diz que o homem, bicho danado, inventa muito. Deixou de ser humano,que quer ser Deus, que isso não é bão não e que ela até já ouviu falar também que nada é inventado, tudo já existe e é apenas descoberto. Como se descobrir estas coisas fosse fácil. Se fosse assim ela teria descoberto como cozinhar seus bolinhos de bacalhau sem deixar cheiro. Cruzes, so de lembrar franzo o senho. Mas é fato que os longinquos dominios de Zeus observam o pulular de nós serzinhos atarefados na labuta de inventos domésticos, domesticáveis e domesticadores. E não dão sequer um empurrãozinho para que façamos a coisa certa. Cria-se mais durantes as guerras do que em tempos de paz.
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9.323
O iPad ja existe e logo vai transformar-se numa placa de plastico transparente que carregamos na carteira. Mas ainda não inventaram o carro voador nem a capsula de energia, nem cachaça em drágeas ou aparelhos que permitam as girafas cantarem. Porem rumamos, como deveriamos rumar, a um viver e apertar. Apertar botões e botõezinhos, e, nessa velocidade estonteante, entre telas e fones, encontros e desencontros ficarmos mais livres para outras paragens. Criarmos o tempo desejável o tempo de... ... o tempo de... o tempo de um curto circuíto. Não vejo a hora de deixar de lado o carro, o metrô, o avião, pegar o meu teletransporte e ir de Bangladesh a Caracas em segundos. Trabalhar confortavelmente por algumas horas e depois vir tomar o chá da tarde em Curitiba, ou quem sabe até Paris. Um delicioso café, depois passear pelo Sena, visitar museus, correr pelos jardins sem avião, sem metrô. Teletransporte que nada. É melhor eu ajustar esses óculos, a viagem já começou.
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9.324
Sim o fim esta mesmo próximo, é o que dizem, parece que tem data precisa em 21 de dezembro de 2012, mas ja houveram tantas outras datas precisas para eventos tão heterogeneos quanto possivel sem que nada digno de nota acontecesse. Não que não va acontecer, so não se pode prever quando com absoluta precisão de um relógio paraguaio mas como dizem por aí, que vai rolar, vai. Acho.
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9.325
Curiosamente podemos ter nossos curto-circuitos e até curti-los. Eu curto meus circuitos e curto-circuitos na medida que eles possam fazer desprender do éter a volúpia necessária para embalar meus sonhos mais secretos.
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9.326
Mesmo contra a vontade da dona Quitéria de seus netos, sobrinhos amantes, fornecedores, advogados, alunos, malafetos, micróbios, e pensamentos o futuro é uma incógnita mesmo que predigam ao contrário consultores do Oráculo de Delfos, gente que lê as letrinhas na sopa ou grandes Xamãs espirituais da ordem de Hermes de Trimegistos. Acho até que é a unica coisa que Deus não sabe, o futuro.
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9.327
Segundo Einstein não existe o passar do tempo, ele é uma dimensão, não Einstein, o tempo, a quarta dimensão que possibilita a existencia da matéria no plano existente. Mas Einstein é menos fodão que Deus, se é que ele existe, não Einstein, Deus.
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9.328
Cartesianamente isso parece ser um paradoxo que segundo dona Quitéria, como é que Deus, que não pode prever o que vai pensar em seguida (se é que ele pensa e não tenha algum tipo de processo inimaginável que o leva a ter dúvidas sobre si mesmo) pode saber menos que um alemãozinho bigodudo que descrevia o universo com números e fórmulas para tentar entender a Deus?
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Neste momento o curto cicuito número 9.329 impõe uma quebra no padrão analitico e reinicia o sistema, isso promove o chamado: Pensar-através-dos-circuitos-não-abstratos.
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Mas acho que pensei além do que me era permitido.
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Cajadomatic, Renato Ferreira, Sueli Aduan, Léo Metallica, Emilia.
Ilustração
: Maria Emilia Zanin, (feito com de Post-its)
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