segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Virá impávido...Virá que eu vi



Um índio preservado em pleno corpo físico Em todo sólido, todo gás e todo líquido.
Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiro. Em sombra, em luz, em som magnífico. Num ponto eqüidistante entre o Atlântico e o Pacífico. Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio. E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer. Assim, de um modo explícito. E aquilo que nesse momento se revelará aos povos Surpreenderá a todos, não por ser exótico Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto. Quando terá sido o óbvio.

Caetano


Eu disse com a voz mais suave e delicada que consegui, mas mesmo assim não pude evitar os olhos de espanto dos que estavam a minha volta. Olhares de desconfiança de uns, de zombaria de outros, e de... Ah! Não importa. Eram muitos e muitos os que ali estavam reunidos. E a bem da verdade, eu não estava nem um pouco preocupada em poupá-los de nada, não. A voz suave foi só uma maneira que encontrei por conta da minha própria profissão e de conhecimentos específicos a ela pertencentes. Eu sabia, mais cedo ou mais tarde todos, sem exceção, perceberiam que não estamos falando a mesma língua.

Após dizer tudo que estava atravessado em minha garganta, feito um bolo enorme me sufocando, enfrentei os olhares que se entrecruzavam.Até que o impacto visto por esse ângulo de expectador era engraçado. Mas, não era mais eu ali, parado olhando o ser olhado de toda essa gente, embasbacada em sua babaquice moral, seus credos, mitos, tabus e toda essa porcariada que segura a gente num plano rastejante.

Olhei novamente para cima e depois disse novamente olhando no fundo de suas almas perdidas:

- Não estamos sós.

Poucas coisas me embrulhavam mais o estomago do que este jeitão arrogante de coletivo prepotente, esse aceitar valores impostos sem questionar méritos, coerências ou critérios, incorporar sua intolerância doutrinária, negar o desconhecido com a certeza dos justos e impor a rigidez da ignorância. Mas o fato não poderia mais ser ignorado. Alan a meu lado foi tirando seus óculos lentamente, uma estranha luminosidade que começava a emanar de seu corpo foi calando os comentários do publico um a um.

À medida que iam percebendo o aumento da luz iam também abrindo suas bocas quase babando, talvez para absorver com mais sentidos aquele fato incomum.

Depois de por os óculos no bolso começou a desabotoar sua camisa e em seu peito pode-se ver que Alan não pertencia a este mundo. Em seu tórax havia um espaço vazio onde deveriam estar o coração os pulmões e as costelas. Não era um furo, seria mais um buraco perfeitamente redondo, recoberto com bom tecido humano. Neste buraco haviam cordas parecidas com a de um instrumento musical fazendo lembrar a boca da caixa de um violão. As cinco cordas com diferentes colorações faziam parte de sua fisiologia. Quando começou a falar suas cores e sua luminosidade aumentaram. Ninguém ousava falar uma silaba sequer.

Alan disse então:
-Sei que nesse primeiro momento não podem compreender e o silêncio tomará conta de todos. Nenhuma palavra, nenhum som, gemido, nada. Mas em pouquíssimo tempo, uma alta freqüência de ressonância e pequenas oscilações no corpo físico permitirão somente o uso de palavras que representem uma idéia, que não seja apenas um código aleatório.

E, então, não mais na contramão do mundo, como num quadro poético tinta e verbo colorindo as ações dos homens. Todos nos percebíamos a existência um elo, pois tínhamos aquela mesma luminosidade interior, o mesmo bolo entalado na garganta, a mesma afinação. Vibrações dentro de um mesmo tom. Todavia, não sabíamos até aquele momento que tínhamos uma historia e um passado em comum.

Esquecido há muitos e muitos anos e com ele a percepção exata de quem realmente somos e do quanto podemos.

Alan estava ali, justamente, para nos mostrar como nos unir, como dar força ao nosso coletivo adormecido, aquilo que nos transforma em seres humanos, herdeiros da luz.
E foi ai que sentimos.

Somos apenas um, com múltiplas personalidades e infinitos quereres.

Kátia Mota, Cajadomatic, Sueli Aduan, Placco Araújo, Claudia

3 comentários:

  1. hum... ^^
    essa eu fiquei na duvida... XD!!!
    mais nao serei sovina...
    trilha sonora sugerida...
    pois nao consegui decidir qual era a melhor opçao...!!!

    http://www.youtube.com/watch?v=swLy_8Rp7QA

    http://www.youtube.com/watch?v=l16mhLYPVok

    XD

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  2. eu achei meio caotico, meio verdadeiro, cheio de amargura e esperança, a anti-tese da antítese... mas uma coisa é certa, ficou bem sci-fi :oD

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  3. Ficou mesmo tudo isso,Cajadomatic,
    e harmoniza com a frase do Tempus:
    "É preciso ter um caos dentro....

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