sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Provisorio 5438

Digamos que eu suba no alto de um prédio e comece a gritar como um louco as 4 horas da manhã. Xingo o prefeito canto musicas de mau gosto e atiro longe meu sapato que cai num teto de zinco com o maior estardalhaço. Suponhamos que eu faça tudo isso sem o menor pudor, respeito ou vergonha na cara. Fico ainda pelado e começo a correr por cima das telhas. Jogo uma garrafa de wodka no meio da rua, acendo um baseado e danço todo desengonçado. Mijo la de cima na capota dos carros parados e digo que Nietzsche estava certo e que Deus está morto. Blasfemo contra todos os santos e digo que o fim está próximo. Aí do nada surge uma figura e me diz:

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11 comentários:

  1. -Maninho voce viu meu figado, nao estou encontrando meu figado...
    -que figado Pedro! chapou de novo é...
    -é culpa sua, nao ve minhas viseras espalhadas sobre meus pés...
    olhando mais atentamente Clark percebe a ausencia de orgaos no abdomen de seu irmao, ao chao misturado sobre sangue negro e fetido encontran-se intestinos, rins e uma gosma gordurenta e amarelada de cor de pus que recobre a carne destroçada...
    -meu deus homem o que aconteceu com voce!? Despejou tanto desespero em sua voz que assustou-se e olhou para os lados freneticamente...
    -o que, nao se lembra mais? maninho voce me deixou morrer. o pó, lembre-se, o pó maninho.
    -seu velho punk desgraçado suma daqui, seu merda maudito, maudito, me culpa por tudo, sempre culpou, nao foi minha culpa, nao foi minha culpa, nao foi... os gritos irromperam de sua garganta cortando o ceu rubro da noite, mais foram cessados pelo vomito que escorreu entre seus dentes e banhou seu tronco nu, tombou para frente de joelhos, suas orbitas viraram e desfaleceu sobre a possa formada pelo seu proprio vomito...

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  2. A manhã rompia quando recobrou os sentidos, ou acordou, ou a ressaca, o cheio, o calor começou a incomodar.

    Não havia ninguém ali, nenhum sangue, nem víceras, nem nada, só. Estva completamente sozinho salvo pelo sol que começava a tingir o céu de magenta.

    Que sonho! Que alucinação!

    Desceu do telhado, envergonhado, descalço, sujo. Dignidade era algo que Pedro não podia esperar para si naquele momento.

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  3. não precisava de dignidade, mas sim, de um bom café, com torradas e geléia.
    O dia havia restaurado toda sua consciência e Pedro não tinha outra alternativa, a não ser encarar sua fragilidade.
    Levantou-se e foi ao encontro daquela mulher

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  4. Antes iria passar em casa, dar um tapa... conseguir se por apresentavel. Mas a decisão estava tomada, não iria fraquejar dessa vez.

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  5. É isso mesmo dessa vez eu pego aquela zinha, não vou dar tempo, não, quando ela perceber já era cara, o 38 vai estar dentro da sua boca, vai pagar caro cada telha quebrada, cada garrafa de vodka que enfiei goela abaixo, não ficará impune, vou olhar fundo em seus olhos e, me permitir sentir toda a repulsa , toda raiva ... daqueles olhos verdes,
    daqueles...olhos

    verde como o mar, verde como os pinheirais...verde.. verde..
    chega maldito, pensamento,

    cadê meu revólver daqui...

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  6. após uma breve caminhada escadas abaixo, pelado mais determinado irrompeu pela porta do apartamento 543, apartamento que nao lhe pertencia, mais seu proprietario nao se importaria que fosse reocupado, afinal estava meio morto, era o apartemento de seu irmao.
    a primeira coisa que fez nao foi tomar um banho, mais sim dar um tapa, a coca em cima da mesa tambem nao lhe pertencia, mais quem reclamaria, no fundo a merda toda já estava feita, aqueles traficantes italianos nao largariam do seu pé até que a divida estivesse paga com seu sangue, divida esta que tambem nao lhe pertencia, mais o diabo já enfiará seu tridente em teu rabo.
    rapidamente limpou-se, chapou o cabelo louro para traz com gel, vestiu um paletó cinza e de dentro do criado mudo retirou o revolver calibre 38 e este sim lhe pertencia.
    pegou tambem as chaves do velho mustang do tio Vincent que emprestará no dia anterior, e saiu pela porta a caminho da fabrica, onde sabia que encontraria aquela vaca que traiu seu irmao...
    mais antes mais um tapa...

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  7. um tapa...e o improvável aconteceu...uma lucidez surgiu dentro de si, já não era o mesmo e, com toda certeza não era efeito daquela droga.
    Sentiu-se renascer a caminho da fábrica,talvez a paisagem... ou o som do velho mustang. Tio Vicent sabia das coisas d'alma.

    Vivaldi e uma imensa alegria,
    desligou o motor e...

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  8. Seu rancor, já não extremava mais atitudes, que poderiam lhe causar danos profundos na alma, muito além, de todo o pó da civilização. Ansiava por liberdade. Sabia que era inevitável o sentimento de perdão. Não suportava mais sua escravidão e diante daquela mulher , que tanto odiara, daquela vaca infame, seu olhar apiedou-se. Ali estava a grande chance.

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  9. Eu sou aquele a quem tu clamaste todo esse tempo, e digo-lhe que fizeste tua lição corretamente, vejamos; perdeste toda confiança em ti,consequetemente não mais enxergas o outro. Renegaste todo e qualquer "invisível" transformando-se em uma figura deploravél. Profanaste o templo que está em tí e finalmente entregaste-me o que há de mais valioso no Ser, a tua Alma!!!!!

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  10. Quando a velha sem nome começou a aplaudir, a aplaudir pausadamente o espetáculo solitário que eu fazia. Aplaudia com a força do flagrante Segurei meu pau. Um calor do inferno vinha do corpo. Uma alegria escancarada de ser imoral!Pelado. No telhado.


    ______________ops!

    http://sinceridadebrutal.blogspot.com

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  11. lentamente, o calor foi cedendo, cedendo...., e agora já sentado, com uma vista privilegiada, olhei ao meu redor, escutei o silêncio da noite, olhei lá longe os pinheirais verde, relembrei dos olhos da minha a amada, na mente as palavras de Nietzsche misturavam-se com a de um outro,o rabino Bonder, Nilton Bonder, seu livro, "A Alma Imoral,em que percebi" que podia repensar minha vida, escolher um novo caminho,

    mesmo porque com Deus morto, e com a minha vontade de potência, descubro que não sou imoral, apenas humano demasiado humano.
    FIM

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