sexta-feira, 18 de setembro de 2009

No telhado tinha um homem...tinha um homem no telhado...no telhado...


..e que Nietzsche estava certo e que Deus está morto.
Blasfemo contra todos os santos e digo que o
fim está próximo
.


Digamos que eu suba no alto de um prédio e comece a gritar como um louco às 4 horas da manhã. Xingo o prefeito canto musicas de mau gosto e atiro longe meu sapato que cai num teto de zinco com o maior estardalhaço. Suponhamos que eu faça tudo isso sem o menor pudor, respeito ou vergonha na cara. Fico ainda pelado e começo a correr por cima das telhas. Jogo uma garrafa de wodka no meio da rua, acendo um baseado e danço todo desengonçado. Mijo lá de cima na capota dos carros parados e digo que Nietzsche estava certo e que Deus está morto. Blasfemo contra todos os santos e digo que o fim está próximo. Aí do nada surge uma figura e me diz:

Maninho você viu meu fígado, não estou encontrando meu fígado...
-que fígado Pedro! chapou de novo é...
-é culpa sua, não vê minhas vísceras espalhadas sobre meus pés...
olhando mais atentamente Clark percebe a ausência de órgãos no abdômen de seu irmão, ao chão misturado sobre sangue negro e fétido encontram-se intestinos, rins e uma gosma gordurenta e amarelada de cor de pus que recobre a carne destroçada...
-meu deus homem o que aconteceu com você? Despejou tanto desespero em sua voz que se assustou e olhou para os lados freneticamente...
-o que, não se lembra mais? Maninho você me deixou morrer. o pó, lembre-se, o pó maninho.
-seu velho punk desgraçado suma daqui, seu merda maldito, maldito, me culpa por tudo, sempre culpou, não foi minha culpa, não foi minha culpa, não foi... os gritos irromperam de sua garganta cortando o céu rubro da noite, mais foram cessados pelo vomito que escorreu entre seus dentes e banhou seu tronco nu, tombou para frente de joelhos, suas órbitas viraram e desfaleceu sobre a possa formada pelo seu próprio vomito...

A manhã rompia quando recobrou os sentidos, ou acordou, ou a ressaca, o cheio, o calor começou a incomodar. Não havia ninguém ali, nenhum sangue, nem víceras, nem nada, só. Estava completamente sozinho salvo pelo sol que começava a tingir o céu de magenta.
Que sonho! Que alucinação!
Desceu do telhado, envergonhado, descalço, sujo.

Dignidade era algo que Pedro não podia esperar para si naquele momento, mas não precisava de dignidade, sim, de um bom café, com torradas e geléia.
O dia havia restaurado toda sua consciência e Pedro não tinha alternativa, a não ser encarar sua fragilidade. Levantou-se e foi ao encontro daquela mulher, não sem antes passar em casa, dar um tapa... conseguir se por apresentável.

A decisão estava tomada, não iria fraquejar dessa vez. É isso mesmo.
Dessa vez eu pego aquela zinha, não vou dar tempo não, quando ela perceber já era cara, o 38 vai estar dentro da sua boca, vai pagar caro cada telha quebrada, cada garrafa de vodka que enfiei goela abaixo, não ficará impune.
Quero olhar fundo em seus olhos e, me permitir sentir toda a repulsa, toda raiva... daqueles olhos verdes, daqueles...olhos Verdes como o mar, verdes como os pinheirais...verdes.. verdes..Chega maldito, pensamento. Cadê meu revólver daqui...

E, assim após uma breve caminhada escada abaixo, pelado mais determinado irrompeu pela porta do apartamento 543, apartamento que não lhe pertencia, mais seu proprietário não se importaria que fosse reocupado, afinal estava meio morto, era o apartamento de seu irmão.
A primeira coisa que fez não foi tomar um banho, mais sim dar um tapa, a coca em cima da mesa também não lhe pertencia, mais quem reclamaria, no fundo a merda toda já estava feita, aqueles traficantes italianos não largariam do seu pé até que a divida estivesse paga com seu sangue, divida esta que também não lhe pertencia, mais o diabo já havia enfiado o tridente em seu rabo.
Rapidamente limpou-se, chapou o cabelo louro para traz com gel, vestiu um paletó cinza e de dentro do criado mudo retirou o revolver calibre 38 , este sim lhe pertencia.,pegou também as chaves do velho mustang do tio Vincent, que emprestará no dia anterior, e saiu pela porta a caminho da fábrica, onde encontraria aquela vaca que traiu seu irmão...
mais antes mais um tapa...um tapa...e o improvável aconteceu...uma lucidez surgiu dentro de si, já não era o mesmo e, com toda certeza não era efeito daquela droga.
Sentiu-se renascer a caminho da fábrica, talvez a paisagem... ou o som do velho mustang. Tio Vicent sabia das coisas d'alma.
Vivaldi e uma imensa alegria.

Então, desligou o motor, seu rancor já não extremava mais atitudes que poderiam lhe causar danos profundos na alma, muito além, de todo o pó da civilização. Ansiava por liberdade. Sabia que era inevitável o sentimento de perdão. Não suportava mais sua escravidão e diante daquela mulher, que tanto odiara, daquela vaca infame, seu olhar apiedou-se. Ali estava a grande chance, de reconciliar-se com sua amada, mas foi
nesse exato momento que ouviu :
-Eu sou aquela a quem tu clamaste todo esse tempo, e digo-lhe que fizeste tua lição corretamente, vejamos; perdeste toda confiança em ti, conseqüentemente não mais enxergas o outro. Renegaste todo e qualquer "invisível" transformando-se em uma figura deplorável. Profanaste o templo que está em tí e finalmente entregaste-me o que há de mais valioso no Ser, a tua Alma!!!!!
Quando a velha sem nome começou a aplaudir, a aplaudir pausadamente o espetáculo solitário que eu fazia. Aplaudia com a força do flagrante Segurei meu pau.
Um calor do inferno vinha do corpo. Uma alegria escancarada de ser imoral!

E, ali sozinho nu o calor foi cedendo, cedendo....lentamente, e agora já sentado, com uma vista privilegiada, olhei ao meu redor, escutei o silêncio da noite, olhei lá longe os pinheirais verdes, relembrei os olhos da minha amada, na mente as palavras de Nietzsche misturavam-se com a de um outro,o rabino Bonder, Nilton Bonder, e seu livro, A Alma Imoral, leitura em que percebi, que podia repensar minha vida, escolher um novo caminho.
Mesmo porque, com Deus morto, e com a minha vontade de potência, descubro que não sou imoral, apenas humano demasiado humano.
Sérgio cajado, Youkai, Katia Mota, Ira Buscacio, Sueli Aduan, Célso Ramos, NDoretto.

6 comentários:

  1. fico psicodelico... XD !!!
    mais nao tá de todo mau...^^

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  2. O psicodelismo literario é a nova forma de expressão dos anos 00 :oD

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  3. ^^... rsrsrs ... é mesmo!
    anos 00 é estranho o.O... tá certo falar assim?? ^^

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  4. ah claro, a cada mil anos temos esta licença poética :oD

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  5. ha.... entendi... ^^... rsrsrs... XD
    mais nao da pra usa de novo em 2.100
    tipo decada de 00, ou anos 00?
    fica engraçado...!!!

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  6. rants device thickening pool dashboard nursery australian empowering according triphosphate catalant
    masimundus semikonecolori

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