Tinha o hábito, gostava mesmo, de pensar na morte, mas isso não a incomodava, não a deprimia, pelo contrário aprendera há muito tempo atrás com um velho professor que:
_Pensar na morte era pensar a vida, isso também fazia muito, muito tempo, uma época em que os profes... ah.pensou...deixa pra lá.
Gostava mesmo de deitar na rede, aquela brisa gostosa e, ali ficar observando a morte das formigas, de uma planta, um objeto quebrado, a transformação de tudo.
Foi quando ouviu um barulho vindo do corredor lembrou-se que não tinha trancado a porta, seu coração acelerou-se, um tremor percorreu todo seu corpo, os passos aproximavam-se e, pode ouvir nitidamente o “engatilhar” de um revolver.
_Pensar na morte era pensar a vida, isso também fazia muito, muito tempo, uma época em que os profes... ah.pensou...deixa pra lá.
Gostava mesmo de deitar na rede, aquela brisa gostosa e, ali ficar observando a morte das formigas, de uma planta, um objeto quebrado, a transformação de tudo.
Foi quando ouviu um barulho vindo do corredor lembrou-se que não tinha trancado a porta, seu coração acelerou-se, um tremor percorreu todo seu corpo, os passos aproximavam-se e, pode ouvir nitidamente o “engatilhar” de um revolver.
A adrenalina tamborilou em suas têmporas. Ofegante tentou manter a calma. Manter a mente aberta para todos os ruídos.
ResponderExcluirApoiou-se lentamente sobre o braço para que o balançar da rede não produzisse um ínfimo ruído.
,mas não conseguiu
ResponderExcluir. O ranger do gancho da rede surtiu o efeito de fuga. Sentiu a secura na boca, as mãos gelarem. Devagar se aproximou da porta da cozinha, lentamente afastou a cortina de contas, um tanto antiquada mas era colorida, o barulho das contas umas contra as outras o deixaria atento ou desencadearia algo fatal. Os olhos demoraram a se habituar à escuridão do cômodo. Arriscou:
ResponderExcluir- Quem está aí?
não obteve nenhuma resposta.
ResponderExcluirinsistiu:
_Quem, quem está ai?
e,pra sua surprêsa
Ouviu um ruído seco e um grito agudo
ResponderExcluirde dor.Paralizada.
As idéias...que idéias?suava frio,
Os cachorros latindo juntos.
E ela ali,estática...
mas era preciso fazer alguma coisa e, tomada por um impulso correu em direção ao grito.
ResponderExcluirali estendido no chão escuro do corredor...
estava seu roupao de seda envolvendo um vaso de porcelana quebrado de onde saiam camelias agonizantes. As cortinas da sala flutuavam etericamente adentro do ambiente claro, o murmurio do mar misturava-se com as gaivotas.
ResponderExcluirAquela pequena menina tao parecida consigo olhava inconsolavel para o vaso. Olhou para a mae e levou as maozinhas ao queixo. O ar era tao leve que a unica coisa que poderia fazer era estender os bracos e demonstrar sua cumplicidade com todos os atos de sua vida com sua filha. Correndo pelo sala ela se atira no colo da mae e comeca a chorar pedindo desculpas. Ela lhe beija os cabelos e diz:
- Tudo bem, tudo bem...
ResponderExcluirE pensou...
como nos enganamos quando assustados, tinha tão claro que o som era o do engatilhar de um revolver, mas não, só sua garotinha com suas traquinagens.
ResponderExcluirDiante disso só podia mesmo rir....,mas conteve o riso ao olhar pela janela e...
e ver um vulto que corria pelo jardim.
ResponderExcluirCorrendo pelo jardim... "Então pode não ter sido ela".
ResponderExcluirTentou identificar o vulto, parecia um homem, mas o perdeu de vista.
Correu os olhos pela sala, a menina já tinha saido. Nada de anormal a não ser pelos cacos espalhados. Foi averiguar o restante da casa.
com o coração descompassado vasculhou tudo cuidadosamente, cada canto da casa e, nada.. Impossível, ninguém desaparece assim, pensou.
ResponderExcluirFoi quando começou a desconfiar de sua sanidade. O vaso quebrado, o som do revolver, o roupão enrolado no corpo de sua filha, seria tudo delírio, alucinação? Claro que não, tudo era tão real,
mas e se não fosse...
Tentou rememorar todos os fatos. A rede, o barulho, o medo....
ResponderExcluirEntao lembra-se que nao tinha uma filha e que nao mora numa casa com jardim. Nao aguentando a angustia do nao saber, das incertezas da razao, corre em direcao a janela de seu pequeno apartamento no decimo andar a apenas alguns passos de onde estava e pula no vazio em direcao ao ar.
ResponderExcluirVe entao pela primeira vez toda sua vida num piscar de olhos. Nota o mundo passando veloz e grita de felicidade.
Estava finalmente livre.
E desmaia neste processo antes de arrebentar-se no chao do patio.
fim