terça-feira, 30 de junho de 2009

Tudo mais...e a caixa?


Eu não podia imaginar que fosse possivel alguém me reconhecer com aquela roupa, aquela imensa caixa nas mãos que quase cobria meu rosto todo. Mas foi exatamente o que aconteceu.
Ao escutar o chamado não olhei pra trás e nem podia mesmo, como explicar minha presença ali, a caixa e tudo mais...

quarta-feira, 24 de junho de 2009

o nome do peixe


O dia estava esplendido e da janela do ônibus podia ver nas ondas gordas, exatas, os tubos se formando perfeitos rolando centenas de metros até explodirem na areia alva e fina. Não pude resistir e apesar do paletó, gravata, a obvia farda de bancário dos pés à cabeça, desci do buzu...

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Olhou por olhar


Dormiu mal a noite toda. Levantou-se rápido, tinha pressa, queria ser o primeiro a chegar à empresa.
Olhou sua imagem no espelho automaticamente. Olhou por olhar, sem se ver, como quem olha para o nada. Tal qual um gato que passa entre os móveis, só por passar.
Como de costume, abriu o armarinho e pegou o creme de barbear, numa fração de segundos já estava com o rosto pronto, todo cheio, de espuma.Maravilha gritou feliz, serei o primeiro a chegar e ninguém para atrapalhar meus planos.
Nesse exato momento ouviu a campainha...

terça-feira, 16 de junho de 2009

Surpresa!


22 hands

Há coisas que ninguem pode explicar. Hoje de manhã abri a porta de casa e adivinha o que encontrei? Uma pequena chave dourada, uma pequena garrafa com uma etiqueta em que estava escrito "BEBA-ME" e um pequeno bolo em que estava escrito "COMA-ME". E um milhão de pessoas me passaram pela cabeça. Mas a caligrafia e o perfume que vinham da etiqueta eram inconfundíveis. Eu estava solitário, não tinha com quem conversar. Andava meio cançado e não estava pensando direito.
.
Enfiei tudo na boca, a garrafinha, o bolinho e a chave, mastiguei bem e engoli. So não havia comido as etiquetas. Cheirei de novo aquele perfume e comi tambem as etiquetas. Alguns segundos depois minha perna crescia, meu braço diminuia assim como minha cabeça e meus pés num ritmo de vai e vem incontrolável. Até um milhão de pessoas em que pensava sairam correndo apavoradas. Olhei em volta e vi que eu não era mais o mesmo, as coisas haviam mudado muito desde a chegada daquilo que eu achava que seria a melhor coisa da minha vida......... Eu Gregor Samsa havia sofrido uma metamorfose!
.
A rua estava deserta, ninguem havia me visto. Estava disforme e as coisas continuavam no fluxo de cresce e diminui. Corri para dentro de casa e fui me olhar no espelho.
O horror! Tinha 5 olhos, tres orelhas, a cabeça tinha um monte de pelotas azuladas, o cabelo ficara espetado e continha diversas cores. Abri a boca e começou a sair musica, nao conseguia mais falar. O que era que tinha naquele bolo? Ficava com 3 metros de altura depois diminuia pra 60 centimetros, as vezes perdia o equilibrio e quase caia. Foi quando a campainha tocou. Abri e aquilo me disse:
.
– Vim, vi e venci, rasgo do infinito além fogo dos deuses no brilho estelar. Boquiaberto observei o tipo a minha frente, vestido de Julio Cesar com um capacete de astronauta que impedia ver seu rosto.
.
– Vc é um alienigena ? perguntei.
– Sim terraqueo!.... ahn, todos os terraqueos parecem com vc? perguntou o ser e eu mais que depressa respondi:
– Sim, somos todos bem parecidos. (bem que vovô dizia: quem tem pressa come cru). O que o alienígena estaria pensando de mim, com meus 60/250cms, totalmente desequilibrado, que somos todos uns nanicos gigantescos, bebados talvez?
– Vcs são muito feios terraqueos, disse o alienigena me medindo de cima abaixo, parece até que comeram o bolo de Horus e beberam do suco de Urano! So seriam mais feios s tivessem comido tambem a chave da caixa de Pandora...
– Como ela se parecia? perguntei eu.
– Pequena, dourada, tipica chave da caixa de Pandora...vc não... oh meus deuses, vc comeu a chave de Pandora! Mas que coisa terrível!
– mas estava escrito coma-me...
– mas não na chave, la não estava escrito nada seu terráqueo glutão! Agora só há um remédio. Precisamos encontrar a caixa de pandora na esperança de que a chave seja atraída pelo orifício em que se encaixa à perfeição, mas isso implica em correr o grande risco de que completa, ainda mais bela, será aberta, a esperança novamente.

– Nãoooooooooooo...!
Mas pensando bem, pequeno ou grande qual a diferença? O que realmente me importa é que benefício essa chave me trará? Seria aquela chave mesmo a solução? Ou me atrairia mais problemas? Perdido nestas divagações ouvi o ser falar:
.
– Queria muito que a lembrança em pacote de festa falasse de amor e esperança. Queria...OH! como queria que fosse festa de brigadeiro e infãncia. Só não queria e não queria mesmo que fosse um brinde comercial,algo impessoal. A fita vermelha era o tom que faltava ao dia, amanheci tão pantufa e água morna. Foi com dedos mansos que comecei a desvendar o pacote. Bem leve. Fui breve! A curiosidade é apressada...e no pacote...uma calcinha de renda bem fininha e perfumada que um dia despi apaixonada.
.
E ao dizer isso o alienigena começou a chorar. Logo entendi que tratava-se de um alienigena com o coração partido. Nada podia fazer por ele... ou ela.
– Vc sabe como faço para extrair a chave pelo orificio? perguntei inocente.
– Muito interessante!
– O que é interessante? perguntei.
– O fato de vc ter comido a chave e querer tira-la agora pelo orificio...

– Não acho nada interessante, queria ver se fosse vc a expelir a chave pelo seu orificio.

– Nos de outro planeta temos orificios mais flexiveis e mais objetivos que os humanos. Este aqui por exemplo é o meu orificio de perceber a atmosfera, e este aqui serve para emitir um gas de comunicação (que vcs não entenderiam por lhes faltar emissor e receptor). Mas o que mais lhe falta no momento, é este aqui olha, disse o alienigena mostrando um buraco debaixo do braço - que permite nos livrar-mos de coisas que comemos antes dela cair no sistema digestivo.
– Muito interessante sua fisiologia sr.... er, como é seu nome?
– Rhoda, a seu dispor. E o seu nome?

– Gregor. Me chamo Gregor.
– Bom Gregor, porque vc quer extrair a chave por seu orificio? me parece que a chave em vc pode atrair o orificio a que ela se destina.
– Exatamente como a profecia n. 11 de Fred, o grande
– Sim jovem Gregor, exatamente como vaticinado, a chave o levara a caixa, assim como em meu sonho, tirando sua fita vermelha...

– Sei sei, e achando a calcinha , é eu lembro desta parte...
– Vc não tem idéia do que tem debaixo deste meu capacete.

– Naaa, o orificio debaixo do braço ja fez o serviço, prefiro não saber muito da sua anatomia.
– Olhe Gregor, vou ajuda-lo a encontrar a caixa de Pandora e a conseguir de volta sua forma original.
.
Depois de navegar por diversos planetas tão distantes da Terra, eis que os dois chegam a um planeta todo escuro, cheio de monstros muito feios. Aqueles monstros eram assustadores, tinha o corpo todo rosa, cheio de plumas azul claro e todos tinham um rosto assustadoramente alegre.

– Onde estamos? - perguntei.

– Caro Gregor, estamos no Planeta Diaust, segundo meu comando super avançado, a caixa està aqui. - respondeu Rhoda.
– Uau! é daqui que vc vem Rhoda? estes bicharocos porai são muito mais feios que eu!
– estes são os microbios Gregor, não fale com eles, é melhor vc não se associar a seu estilo de vida.
– Vc é mesmo uma alienigena atrevida hein? acha que eu ia ficar mano dos microbios so pq eles sao exquisitos como eu? Ora, por favor!
– Não perca o objetivo Gregor, vc tem que se concentrar na caixa. E não me pergunte onde esta, eu não sou daqui. Vc sente a força da chave na sua barriga?
– Não! na barriga é só um reflexo, sinto mesmo é aqui olha, e me apontou os dedos dos pés. caminhar e sentir é o normal por aqui. porque pra vcs não é assim? Era, mas perdemos a chave e com ela essa sensação tão estranha, sabe a gente sente com outros òrgãos.

– Como assim? - Rhoda se interessou por aquilo.

– Bom... nós, humanos, ouvimos com isso aqui, apontei a orelha, falamos e nos alimentamos com isso aqu, apontei a boca, vemos com isso aqui, apontei os olhos, e sentimos as coisas com isso aqui, mostrei-lhe as mãos.

– Que estranho! disse Rhoda.
.
Neste instante a chave começou a sair pelo meu orificio. A boca. Não pude evitar. E ao cair no chão a chave fez com que minhas proporções voltassem ao normal.

– Ah! agora to te entendendo melhor, disse Rhoda, posso ver seus sensores, até que não somos assim tão diferentes... a não ser pela gulodice, eu jamais comeria uma chave.

– Nem eu, respondi, pensei que era de chocolate ou algo assim.

– Bom, agora que vc esta se sentindo melhor podemos retornar a busca pela caixa de Pandora. Na verdade ela se encontra justamente aqui na... - Antes mesmo que Rhoda completasse a frase para dizer onde a caixa de pandora se encontrava, não contive o riso e comecei a gargalhar convulsivamente. Ela havia apontado para a minha barriga.
.
Mas se a caixa estava exatamente onde a chave tambem se encontrava, porque eu não a havia sentido antes? Seria algo inexplicave?
Porque nem eu, nem Rhoda sabíamos as respostas. Ela então sugeriu que procurássemos o seu mestre. Talvez ele pudesse responder a estas questões. E podendo esclarecer como a caixa foi parar lá, talvez ele poderia dizer como tirá-la, para que então pudessemos entender este mistério. Afinal de contas não se abre a caixa de Pandora todos os dias (alem do estomago ser um lugar muito peculiar para ela estar).
.
Depois de muito caminhar chegamos a uma lagoa de onde saiam vapores psicodelicos com ruidos extraordinarios. Ali, tranquilamente recostado sobre uma pedra estava o maior sapo que ja vi em minha vida. Mas não era um sapo gosmento, ele tinha uma certa majestade tipica dos quelonios em idade madura. Rhoda apontou para ele e disse:
– Eis o mestre, faça sua pergunta, se ele estiver de bom humor, vai responder. Mas cuidado, se ele estiver solitario ou de mau-humor ele te transforma numa sapa e ai as consequencias podem ser graves. Olhei para ele que se desencostou da pedra, me olhou, piscou um olho, depois voltou a se enconstar na pedra.

– Ahn, senhor sapo..? arrisquei
– Professor Sapo, tenha a bondade! me corrigiu o batráquio indicando uma pedra para que me sentasse.
– Desculpe-me. professor Sapo. Vossa Excelência tão elegante e não possui olhos. Por quê?

– De que te servem olhos, se vc não pode ver?
– Desculpe professor, mas esta frase o sr. tirou do filme Matrix
– Não meu jovem, la era a boca do Neo que não podia falar.
– Mas porque o sr. não tem olhos?
– Porque não preciso deles para ver os mosquitos do brejo.

– Mas... os mosquitos tambem amam...

– Azar deles, vão se amar dentro da minha pança... mas vc tem alguma pergunta relevante pra fazer?
– Não diria relevante! foi o que ouvimos pra nosso espanto. Um pequeno sapo com voz fininha, dando risadinhas vinha da lagoa e nas mãos, jogando de lá pra cá, uma caixinha.
Um imenso silencio, tomou conta de todos nós. Duas caixas?
.
– Minha pergunta talvez seja irrelevante falou o sapinho, mas como vcs podem ter certeza que esta aqui não é a verdadeira caixa de Pandora?

– Então a caixa não esta em minha barriga? perguntei

– Não, disse o professor sapo, a verdadeira caixa de Pandora é guardada por meu neto ali. Mas ele não tem a chave. Você tem. So vc pode decidir se abre a caixa ou não. Mas esteja avisado que se abrir terá de enfrentar as consequencias de seu ato.
.
Peguei a chave e mostrei pro pequeno sapo, ele veio pulando com a caixa na mão, e pulando entregou-a mim.
oh dúvida cruel! Abro ou não abro? Escolher, eis a questão! Não, não farei isso sozinho, de jeito nenhum, pensei com meus botões que pra variar nada responderam.
.
E ali, sentados na pedra branca, pela primeira vez, decidimos em grupo que o melhor seria cantar uma canção. O professor começou com um profundo Sol. O sapinho fazia backing vocals. Rhoda começou um solo tipo The great gig in the sky do Pink Floyd enquanto eu fazia o ritmo batendo nas pernas. Foi ficando bonito, bonito, derrepente ouviu-se um clec! A caixa havia se aberto espontaneamente. E da caixa saíram nuvens coloridas... rindo felizes e cantando a nossa canção. Todos ficamos espantados.
.
– Não se iludam,
disse o professor sapo, elas são bonitas mas são perversas! - e logo se transformou num esquilo, um esquilo mestre.
– Nosso encanto acabou. Quando se abre a caixa de Pandora, nós voltamos a nossa forma normal, disse ele.

– Mas esta não é minha forma normal! - Exclamei desesperado vendo que havia me transformado tambem num esquilo gordo. O mestre esquilo então me disse:

– Esta é a consequencia para quem abre a Caixa de Pandora! .. mas veja pelo lado bom, pelo menos agora vc tem com quem conversar.
.

Ana Guimarães, Katia Mota, Cristina Siqueira, Cássio Amaral, Fred, Célia Garcia Ferper, Feex Constantin, CajadOmatic, Sueli Aduan, Cleyton e Rouxinol de Bernardim

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Surpresa! Texto original

Ha coisas que ninguem pode explicar. Hoje de manha abri a porta de casa e adivinha o que encontrei?

.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Mocréia


4 hands

Ah, hoje eu acordei louca para trabalhar, bem cedinho, pulei da cama e pintei as unhas do pé. Tava com uma fominha danada porisso comi o restinho de repolho com bolinhas de carne que sobraram do jantar. Deu até tempo de ir no banheiro, fazer um bochecho com Cepacol, pendurar minha calcinha lavada no box e botar minha botinha branca. Tomei o busão das 6:30 e cheguei no escritorio 8 hs em ponto, nem acredito! Ainda bem, que deu tempo prum rápido cepacol,não é a toa que dizem que Deus é pai, dei de cara no buzão com o Vanderley, uau!!! Aumentou ainda mais meu desejo de trabalhar, trabalhar, trabalhar...

Walderico meu primo é moto boy e me convidou pro baile funk. Ah, não vejo a hora. O Wanderley vai estar la, quero so ver a cara dele quando eu aparecer. Tenho que dar um jeito nas espinhas, vou encher a cara de Minancora e tomar cha de pepino que nem a do Nenê da peixaria ensinou. Vou arrepiar...aquele jeans justíssimo,com o coletinho xadrez,só vai dar eu, virgem mãe!!! Quase esqueço, ainda tenho que ver com a Walnida se ela faz uma chapinha.

O Wanderley falou que eu era uma uma Mocreia, virgi nem sei que que é isso, parece nome de peixe, falei que Mocreia era a mãe dele! Ele ficou muito nervoso, falou que sua mãe era santa e tava no céu, ah, eu quase chorei, mas la no baile funk as coisas vão mudar. Ainda bem que segurei a onda não chorei, depois de tanto trabalho com a Minancora, e se a mãe dele é santa,como ele disse, tem mais é que entender,mas num quero sabê vou descobri o que é essa tal de mocréia.

Procurei na internete e descobri que mocréia é jaburu. Aí, como eu nao sei o que é isso eu olhei o que era jaburu e apareceu um passaro bonito todo branquinho e com a cabeça preta.
Vou falar pra ele que pode me chamar de mocréia e que a mae dele deve ser uma tambem porque se santo tem asa e jaburu tambem as mocreia deve ter tambem. Ah, a Vanilda falou que vai fazer chapinha nos meus cabelo e que vai ficar igual a da Parisrirto. Vou arrasar no baile Funk, preciso ligar pro Walderico e combinar.

Ai minha santinha, quanta gente! Essa musica vibrando dentro da minha espinha, me chacoalhando. ai, que cheiro de suor, hum, não sei, acho que até que gosto, parece tão animal, tão masculino, ai, onde eu tô com a cabeça, pensando todas estas bobagens, vai ver que foi aquela pinga que o walderico me fez beber ou então aquel cigarro estragado que me fizeram fumar antes de chegar aqui.. Tô mooole, mas tô a fim de agitar. Acho que tô meio doidona, viu? uuuuhhhh, tô com vontade de gritar. Vontade de morder alguma coisa, quero dançar...

Ai olha ali, o Waldoberto, o Sandromiro, o Ze Cabeleira e o Pelopidas, ah aquele filho-da-puta do Pelopidas se eu puder eu encrenco esse cara. Mas este funkão ta muito bom, huuuuuh, ai, que vexame tô parecendo uma macaca de auditorio, ah, va, eu sou mesmo uma macaca, uhhhhhh, epa, aquele negão ali ta me olhando... hum um pedaço de negão ja diria minha prima shirleneide, perai, vou rebolar perto dele.

Xiii, nem me olha, deve ser bicha, bonito desse jeito, pera que eu vou dar o rebolado especial de pará estouro de boiada. Nada, eita, aquela ali não tira o olho de mim, ou é francha ou é policia, bom to fora pro almoço e pro jantar ah, o negão me notou, epa, gostou da sapatão, ah, que saco, olha la, ta rebolando com ele, uhhhhh, to doidona, quero gritar, tum dum dum, ah, esse som é muito maneiro. Será que tem um banheiro poraqui pra eu fazer um xixi? nossa foram mais de tres cerveja. To mijando nas calça. Ah, saco, vou ver la naquele buteco se tem banheiro. Uou, quanta gente, nussa tem fila pro Xixi, ai minha aiaiaiaiai vou acabar fazendo na calça mesmo, depois eu derrubo uma cerveja por cima... Ah, não, isso é muito nojento, vou la na fila.

Ei, este cara me passou a mão na bunda, engraçadinho, a proxima vez eu grito assim, bom, não vou gritar aqui na fila, mas posso ficar dançando, ajuda a a passar a vontade que nem no filme da cinderela, quem dança seus males espanta.. ou era encanta?

Ah, sei la, essa historias europeias de noviorque, maiami, toquio eu não nada disso não. Ih esse moleque cabeludo é fortinho hein? Uschh, quêisso? parece meu chefe ali? Era só o que faltava ver aquele filho-da-puta do Pelopidas, e agora meu chefe, não sei quem é o pior, bom pelo menos o Pelopidas não é desses de dizer que não gosta do que gosta, ele gosta, gosta da balada do funk, do agito, do meu agito, aquela encrenca é coisa do passado vou deixar pra lá... mas meu chefe quê quê faiz aqui, uê vivia dizendo la no serviço, a gente não pode se misturar não, cada macaco no seu galho, depois eu tenho um gosto refinado bláblabla... Filho da puta, bem que dona Wanda Luzia lá da escola, falava umas coisas, eu devia ter prestado mais atenção, mais de uma coisa eu me lembro bem, essa gente é falsa, mas não entendi muito bem, deixa pra lá...que o agito tá bom e eu quero e dançar até...

Eita, que que esse cara quer comigo?

– Fala ai princesa, essa parada aí é massa, ta ligado? Aí, o mano ali não gosta de coisa boa como vc não. Que que tu acha de ir ali no boteco toma umas breja com o galã aqui?

– Que história é essa que o mano não gosta de coisa boa meu! Que que tu sabe de coisa boa cara? Ce só rala meu, uma brejas sempre vai, mas tu que vai pagá cara, que o meu aqui num é pra home não, tá ligado? ...e depois é o seguinte; ir no boteco até vou, se for de carro. E tá tudo limpo lá, que não gosto de zumzumzum com os home, eu sou limpeza vc é que num sabe.

Minha nossa! que que me deu pra eu falar assim com o cara! jaja ele vai achar que eu sou funkeira... bom, agora ja foi, bom parece que ele foi la pro bar, daqui a pouco apareço la. Mas olha o safado do chefe, se engafinhando com aquela zinha, ali. Hum, to meio grogue, acho que vou andando, mas pra onde... o chefe com a zinha,eu funkeira de araque, esse som no meu ouvido, esse zumbido todo, que que isso, um sonho?, um pesadelo? ir pra onde? pra casa?... solidão apavora, cantando eu mando a tristeza embora, onde eu ouvi isso, só pode ser coisa da dona Wanda Luzia aquela louca....

Agora fazer naninha, acordar amanhã bem cedinho, pintar as unhas do pé e ir pro trabalho. Zzzzzzzz.
.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Mocréia é mãe!


Ah, hoje eu acordei louca para trabalhar, bem cedinho, pulei da cama e pintei as unhas do pé. Tava com uma fominha danada porisso comi o restinho de repolho com bolinhas de carne que sobraram do jantar. Deu até tempo de ir no banheiro, fazer um bochecho com Cepacol, pendurar minha calcinha lavada no box e botar minha botinha branca. Tomei o busão das 6:30 e cheguei no escritorio 8 hs em ponto, nem acredito!

.

Salada cinco cores



era uma sexta-feira fria quando desliguei a tevê, fui à quitanda comprar alface e dei de cara com o amor. ele era grande, forte e me deu medo, mas ignorei, enquanto apalpava e escolhia tomates.

o amor me seguiu e, como se não o visse, fingi procurar repolho. roxo e branco, exatamente como na receita anotada no verso de um papel velho de anúncio de pizza. faltava apenas a cenoura para completar os ingredientes e, depois de pegar sem critério as primeiras que vi na bancada, fui ao caixa.

o amor estava no guichê ao lado e assim que saí percebi que ele ainda me seguia.